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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Polícia pede prisão preventiva de Patrícia Lélis por extorsão de assessor do pastor Feliciano

A estudante de jornalismo Patrícia Lélis teve sua prisão preventiva solicitada à Justiça pela Polícia Civil de São Paulo após conclusão do inquérito que a indiciou por extorsão e denunciação caluniosa durante seus depoimentos.
Patrícia Lélis, 22 anos, se tornou figura nacionalmente conhecida após acusar o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de agressão e tentativa de estupro. Controversa, primeiramente negou que tivesse feito tais acusações, e depois voltou a acusa-lo. A mudança de versões, segundo a Polícia Civil de SP, se deve à extorsão aplicada ao ex-chefe de gabinete do deputado, inicialmente acusado pela estudante de coação e cárcere privado.
De acordo com informações do G1, o delegado responsável pelo caso, Luiz Roberto Hellmeister, do 3º Distrito Policial, confirmou o pedido de prisão da estudante: “O inquérito foi concluído na última sexta-feira [02 de setembro] e foi relatado à Justiça com o indiciamento formal da jornalista pelos crimes de denunciação caluniosa e extorsão contra o assessor do deputado”, afirmou, em entrevista concedida na última terça-feira.
O pedido de prisão foi feito para evitar que Patrícia Lélis cause novos incidentes, segundo o delegado: “Pedi a prisão porque ela destrói as pessoas que estão ao redor dela. Não só agora como no passado, quando apontou um inocente como estuprador em Brasília. Aqui ela quase destruiu a vida do policial [Talma Bauer é investigador]. Ela representa risco à sociedade por mentir e causar danos a diversas pessoas”, alegou Hellmeister.
O caso, agora, está sendo analisado pela Justiça no Fórum João Mendes, centro da capital paulista, onde algum juiz decidirá se decreta ou não a prisão da estudante. O Ministério Público (MP) de São Paulo acompanha o caso e será convocado pelo magistrado a opinar se a prisão é necessária.
A advogada da estudante, Rebeca Novaes Aguiar, afirmou que tomou conhecimento do pedido de prisão de sua cliente, mas se recusou a comentar o caso: “Mas me posicionarei mais tarde”.

Mentiras
Há quase três semanas, no dia 19 de agosto, o delegado Hellmeister anunciou que havia tido acesso a um laudo de uma psicóloga que classificou Patrícia Lélis como mitomaníaca, alguém que sofre de um desvio de personalidade que leva à mentir compulsivamente.
“Recebi documentos com laudo psicológico que diagnosticou a moça como ‘mitomaníaca’. Possui mitomania. Ela é mentirosa compulsiva”, frisou o delegado à época. Essa informação foi revelada após as investigações terem acesso a vídeos que desmentiam a versão de Patrícia Lélis de que teria sido mantida em cárcere privado por Talma Bauer.
Para se aprofundar nos detalhes, Hellmeister solicitou à Polícia Civil e ao MP do Distrito Federal os detalhes do inquérito aberto quando a estudante alegou, há um ano, ter sido estuprada por um prestador de serviços que teria ido à sua residência quando ela ainda tinha 15 anos de idade.
“Ela acusava o homem de tê-la estuprado diversas vezes em sua casa quando tinha apenas 15 anos. Mas esse caso foi arquivado em Brasília por falta de provas”, comentou Hellmeister.
Na ocasião em que a mitomania de Patrícia Lélis foi revelada, a advogada da estudante confirmou que ela havia sido avaliada, mas não era um diagnóstico completo e conclusivo. Ao G1, Rebeca Aguiar disse que a psicóloga seria de uma igreja evangélica que sua cliente procurou após ter denunciado o caso de estupro quando era adolescente. “Foram duas sessões só. Não existe no inquérito laudo técnico que demonstre que ela tenha mitomania”, alegou a advogada.
O delegado da Polícia Civil de SP, no entanto, não considerou a postura da defesa da estudante e anexou ao inquérito seu perfil psicológico, destacando que ela mente.
O psiquiatra forense Guido Palomba explicou que a mitomania é um desvio que não tem cura, mas pode ser tratado: “Transtornos de personalidade são incuráveis. É uma perturbação de saúde mental. O que é possível é um tratamento psicopedagógico”, contextualizou.

Polícia Federal
O MP confirmou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito sobre as denúncias de agressão e estupro feitas pela estudante contra Feliciano.
A iniciativa que levou Janot a pedir a investigação do caso partiu de um grupo de deputadas federais lideradas pela petista Érika Kokay (DF). Quando a autorização do STF sair, a Polícia Federal será incluída na investigação e poderá esclarecer os pontos obscuros do caso.
“Em Brasília […] a PF vai apurar a denúncia de Patrícia. Ela diz que se encontrou com o deputado no apartamento funcional dia 15 de junho, onde teria ocorrido a agressão. O parlamentar nega que com ela tenha se encontrado, e diz que ela nunca pisou no apartamento – além disso apresentou sua agenda externa naquele dia, sem detalhar horários”, comentou o jornalista Leandro Mazzini, do blog Coluna Esplanada, do portal Uol.
Feliciano foi filmado na entrada do Ministério do Trabalho às 08h55 do dia 15 de junho e deixou o local por volta das 10h00 após um encontro com o titular da pasta. No mesmo dia, o pastor participou de uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Michel Temer (PMDB) e demais líderes de partidos na Câmara.
“A PF terá a oportunidade de descobrir quem diz a verdade. Experientes investigadores citaram à Coluna que é possível trabalhar em duas frentes: basta rastrear os sinais de celulares da garota e do deputado no dia do ocorrido; e periciar os aparelhos para comprovar se são verdadeiros os prints de mensagens trocadas entre os dois – e usadas por Patrícia na sua denúncia”, acrescentou Mazzini.
Patrícia Lélis sustenta que esteve no apartamento funcional de Feliciano, embora não exista registro por escrito de sua entrada. As imagens das câmeras de segurança do edifício foram deletadas após um período pré-determinado pela Polícia Legislativa, por falta de espaço para armazenamento de todas as filmagens por um tempo maior.
“A Polícia Federal também vai cobrar da Polícia Legislativa (DEPOL) da Câmara dos Deputados o backup dos vídeos da portaria e elevadores do prédio onde reside o deputado em Brasília. Esse também foi um pedido da PGR. A DEPOL informou à Coluna que não há mais os vídeos – que podem inocentar Feliciano, ou comprovar que a mulher esteve no prédio”, ponderou o jornalista do Uol.
Para Mazzini, não há mais como Marco Feliciano ser indicado por crime de agressão e tentativa de estupro, “porque não há provas – mesmo que eles supostamente tenham se encontrado no apartamento”. E a razão disso está no ponto mais incoerente do caso: o fato de a estudante não ter ido à Polícia quando, supostamente, esteve a sós com o pastor. “Patrícia não fez boletim de ocorrência no dia da suposta agressão, nem exame de corpo de delito – o que evidenciou que ela queria resolver seu lado financeiro, como ficou comprovado com os episódios em SP”, opinou o jornalista.


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