A defesa das liberdades de crença, culto e pregação, resumidas no termo
“liberdade religiosa”, precisa estar aliada a uma ação prática, intensa e
efetiva dos cristãos a partir de uma mensagem “centrada no Evangelho”, pois se
funcionar como uma mera bandeira política, de nada valerá. A constatação
pertence ao pastor Russell Moore.
O líder evangélico norte-americano, presidente da Comissão de Ética e
Liberdade Religiosa da Convenção Batista do Sul – o maior conglomerado
protestante dos Estados Unidos -, destacou que “o Direito Religioso que não
consegue associar a ação pública e o interesse cultural à teologia do Evangelho
e a missões vai morrer, e merece morrer”.
Moore foi além em sua palestra, chamada “Poderia o Direito Religioso
ser Salvo?”, e afirmou que o conceito de “maioria silenciosa” (apontado pela
mídia como responsável pela eleição de Donald Trump) precisa ser abandonado em
favor de uma “maioria de colaboração”, que não se paute por “paixões populistas
momentâneas”.
“Uma das suposições erradas de alguns no antigo estabelecimento do
Direito Religioso é que a Igreja, formada teologicamente, apenas precisa ser
mobilizada politicamente. Esse pressuposto está errado”, conceituou, antes de
lembrar do caso “Roe versus Wade”, julgado pela Suprema Corte em 1973, que
terminou por legalizar o aborto nos Estados Unidos.
De acordo com o pastor, a lentidão dos protestantes em abraçar o
movimento pró-vida terminou por criar um ambiente de menor resistência contra a
legalização do aborto: “Bill Clinton aprendeu sua visão de que a personalidade
começa com a respiração, e não com a concepção – usada para justificar o seu
veto da legislação sobre o aborto por nascimento parcial – ele aprendeu isso,
não com a Planned Parenthood [rede de clínicas de aborto dos EUA], mas do
ensino de um pastor Batista conservador do sul”, exemplificou Moore, apontando
para um quadro resultante da postura protestante sobre questões morais da
sociedade.
“Até mesmo hoje, algumas provedoras de aborto nos dizem que a maioria
dos seus clientes não são a favor do aborto. São católicas ou protestantes, que
acreditam estarem cometendo um pecado grave, mas fazem isso pensando em buscar
por misericórdia depois. Isso é não apenas um problema social. É um problema
teológico”, acrescentou.
Segundo informações do Christian Today, Moore lamentou que existam
pessoas com postura exageradamente “liberal” no meio cristão, o que contribui
para enfraquecer o estabelecimento de um Direito Religioso forte e firme:
“Quando uma religião é vista como uma agenda política em busca de um evangelho
útil o suficiente para acomodá-la, vai acabar agradando aqueles que que têm
apenas interesses políticos, enquanto perde o apoio daqueles que creem no
Evangelho”.
Sobre a disputa pela Casa Branca, o pastor criticou “o tipo de
linguagem apocalíptica que apresenta cada eleição presidencial como um Armageddon,
como um caminho sem volta”, usada por muitos líderes cristãos. Ele classificou
essas abordagens como “o tipo de liberalismo teológico que não faz sentido em
uma religião em que Agostinho escreveu a Cidade de Deus no contexto de Roma em
colapso”.
“Os conservadores religiosos precisarão de uma religião robusta e uma
noção do que tem de ser conservado. Isso significa abandonar a ideia de uma
maioria moral ou uma maioria silenciosa dentro da nação. Isso vai significar
instituições que têm a visão e os recursos financeiros para jogar um jogo longo
de renovação cultural e persuasão, não conduzido apenas pelas paixões
populistas do momento”, resumiu, alertando para a possibilidade de que os
adversários da liberdade religiosa possam, pacientemente, construir uma
estratégia de derrubada dos conceitos adotados pelos cristãos e assim,
consolidar o pensamento “progressista” como um ideal majoritário.
Fonte: Gospel+
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