Se tem uma coisa que nos diferencia do reino animal é a capacidade de
nos colocar no lugar do outro. Respeitar a dor de quem está em luto, por
exemplo, invés de aproveitar a oportunidade para transformar a tragédia em
um “atrativo”, é uma das características que nos torna humanos e não abutres disfarçados.
Infelizmente, apesar de sabermos que a tragédia é muitas
vezes tratada com desprezo e desumanidade, num país onde a morte virou sinônimo
de estatística e o sofrimento alheio é apenas mais uma notícia nos jornais
matutinos, continuamos acreditando que o bom senso, a ética pelo respeito a dor
e ao luto de quem perdeu parentes e amigos deva prevalecer, sempre!
Todavia, não é o que vimos no dia de hoje, quando alguns canais de
notícia e pessoas comuns divulgaram imagens inadequadas em referência a tragédia ocorrida
com o time de futebol chapecoense. Afinal, qual é o limite da informação
quando ela pode afetar de forma tão marcante a vida de quem sofre a perca
de entes queridos?
Talvez a solução mais coerente dessa resposta esteja na capacidade de
enxergar, e amar, o próximo como a si mesmo, não apenas porque isso esteja
entre os dois maiores mandamentos de Cristo, mas porque isso é, também, uma
questão capaz de definir o que somos enquanto seres humanos. É na relação de
troca, com o outro, onde partilhamos alegrias e tristezas, que aprendemos o
significado de respeito, ética e bom senso.
Quando a morte deixa de ser um fato triste, lamentável,
trágico e carregado de choro pela dor de quem perde, para ser meramente uma
notícia, capa de jornal, especulação, sensacionalismo ou qualquer forma
apelativa de obter audiência em torno da tragédia, abrimos mão da
humanidade que nos define para nos tornar abutres!
Se tem uma marca que deve estar presente na vida de todo cristão
comprometido com o evangelho de Cristo é a sua capacidade de chorar a morte do
outro. Tratar com respeito, como se fosse sua, a angústia de quem sofre por ter
perdido alguém que ama.
Isto significa que se não temos o que acrescentar com palavras ou
gestos que partilhem dessa dor e acolham, afetivamente, o outro nesse momento,
o bom senso nos manda ficar em silêncio! Não promover o que já é por demais
motivo de sofrimento. Não incitar o sensacionalismo quando a hora é de lamentar
e chorar.
Por fim, se esta reflexão tem algum sentido para você, aproveite o
momento, pare agora por alguns minutos e peça a Deus que conforte todos os
parentes e amigos das vítimas de Chapecó. Essa pode ser a grande diferença
entre apenas ler um texto ou transformar isso numa atitude de empatia e
consolo. De ser humano e não um abutre!
Fonte: Gospel+
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