Evangélicos
progamaram nesta sexta-feira (25/10) uma manifestação às 14 horas em
frente ao shopping Iguatemi, em Salvador, para pedir mais investigações no caso
do pastor conhecido como Mário Sales, morto pela polícia no último dia 17,
juntamente com outras três pessoas, uma das quais (Jeisivan Dias) era também
pregador.
A operação ocorreu em Feira de
Santana na BR 324, perto do entroncamento com a BR 101. Segundo a polícia, ao
serem abordados, os ocupantes de dois carros resistiram atirando e acabaram
mortos pelos policiais que reagiram. Já os defensores de Mário Sales dizem que
ocorreu uma execução.
Um grupo
denominado Movimento Mário Sales foi criado no Facebook, que está
sendo utilizado para divulgar a manifestação desta sexta. O grupo tinha até o
final da tarde dessa quinta-feira (24/10) a participação de quase 5 mil membros
e passavam de mil os compartilhamentos do evento em diversas páginas. Foi
criada ainda uma petição online no site Avaaz, com a lista de
questionamentos à investigação.
Os organizadores esperam obter
10 mil assinaturas, antes de encaminhar o documento até para organismos
internacionais de defesa de direitos humanos.
A manifestação ocorreu em
Salvador porque o pregador pentecostal já tinha obtido fama nacional. Nas
páginas de notícias sobre o caso na internet, são milhares as manifestações de
indignação, vindas de diversas cidades e estados do país. Alguns praguejam
contra os policiais, chamados no mínimo de despreparados.
Os evangélicos se recusam a
acreditar na versão da polícia. O delegado regional Ricardo Brito tem afirmado
categoricamente que Mário Sales fazia parte do bando de Rabicó (Enderson
Almeida Souza Matos, 23 anos), que segundo a polícia, roubava carros e era
envolvido também com o tráfico de drogas. O outro morto foi Fábio de Almeida
Silva, 24. No dia da operação foi informado pela polícia que outros dois
envolvidos tinham conseguido fugir.
Mãe admite compra de carro
roubado
A mãe de Mário Sales,
Veranildes Santos, disse que o filho não era bandido e considerou que sua morte
foi injusta. Porém admitiu que ele tinha comprado um carro roubado.
“Meu filho veio comprar esse
carro. Meu filho sabia que com certeza o carro era roubado. Ele sabia disso.
Porque não existe um Peugeot daquele, novo, zerado, por R$ 14 mil. Meu filho
sabia”, revelou, em conversa com o repórter Denivaldo Costa, na rádio Subaé.
Neste carro, onde Mário estava no momento da operação, a polícia disse ter
encontrado tabletes de maconha para serem traficados.
Para Veranildes o filho foi
morto porque tentou fugir. “O próprio policial falou a mim. ‘Olha moça, seu
filho morreu porque correu. Ele não estava atirando. Quem atirou foi Rabicó e o
outro. Seu filho morreu porque correu'".
Ela disse desconhecer as
pessoas com quem o filho veio fazer negócio com o carro. Veranildes classificou
o pastor como “uma pessoa maravilhosa”, que era tudo para ela. A mãe
informou ainda que Mário deixou um filho de três e outro de seis anos. Ele
faria aniversário de 25 anos no dia seguinte à data em que foi morto.
Marco Feliciano interfere no
caso
Diante da comoção no meio
evangélico, o caso acabou chegando ao conhecimento do polêmico deputado e
pastor Marco Feliciano, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias
da Câmara Federal.
Ele então decidiu enviar seu
chefe de gabinete, Talma Bauer, a Feira de Santana. Segundo o deputado, o chefe
de gabinete também é delegado. Ao anunciar a vinda de Bauer, Feliciano adiantou
em seu perfil no Twitter que existem muitas discrepâncias no caso e um forte
indício de execução por parte da polícia local”.
Depois de conversar com o
delegado regional em Feira de Santana, Bauer adotou um tom muito mais ameno. “A
polícia está apurando, está fazendo um bom trabalho. Está dentro dos padrões
que a gente esperava, sem sombra de dúvida”, declarou em entrevista coletiva.
Acrescentou que em sua avaliação, a polícia agia “com rigor e isenção”.
Ao enviar relatório por
escrito a Feliciano, Bauer só fez acrescentar dúvidas ao caso, pois inocentou o
jovem pastor, sem questionar a ação policial. “Concluí que o pastor não tinha
nenhum envolvimento com os atos criminosos sem sombra de dúvida. Apenas se
conclui que os outros rapazes se aproveitaram da falta de experiência e lhe
ofereceram carona, pois o mesmo não guiava automóvel e, também, frequentava
igrejas em companhia dos rapazes, e, estes, iludiram o pastor Mário, de que
estariam se regenerando. Por isso, afirmo, em relação aos fatos, que ele estava
no local e na hora errada, com as pessoas erradas, pois o carro que ele estava
era conduzido por Jeisivam Cristiano Dias Brito, que até então não tinha
passagem policial”.
Até nisso foi contraditório,
pois na entrevista em Feira tinha dito, referindo-se a que “a pessoa que estava
andando e pregando com ele já tinha um passado, e está reconhecido, no roubo”.
Delegado não tem dúvida de que
pastor era criminoso
O delegado Ricardo Brito foi
categórico sobre a participação de Mário Sales. Não como um mero comprador de
um carro roubado, mas como parte atuante do grupo. “Ele participava da
quadrilha roubando também os veículos”, garantiu. Uma das vítimas da quadrilha
inclusive foi um outro pastor, revelou o delegado, assegurando que havia uma
investigação prévia.
Ricardo Brito avalia que tanto
Bauer quanto os pastores que o acompanharam saíram convencidos de que a polícia
está correta. A polícia aguarda laudos de algumas provas técnicas e estima a
conclusão do inquérito em 30 dias.
O delegado afirma ter
encontrado três revólveres calibre 38 e uma pistola 9 milímetros “de uso
restrito” de fabricação filipina. Ele nega a execução. “Infelizmente eles
revidaram a abordagem trocando tiros e vindo a óbito”, explicou.
A polícia aguarda laudos de
algumas provas técnicas e estima a conclusão do inquérito em 30 dias.
Fonte: A Tribuna da Bahia
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