Com a aproximação das
eleições, a relação entre líderes religiosos e políticos tem se tornado
novamente tema de diversas discussões e diversos pastores são apontados por,
supostamente, utilizar o poder obtido por sua posição enquanto líder religioso
para influenciar o voto dos fiéis e, com isso, obter vantagens pessoais ou para
suas denominações.
Em face a essa situação, a
blogueira Vera Siqueira, do blog Uma Estrangeira no Mundo, publicou
recentemente um artigo no qual critica a postura adotada por líderes
evangélicos em relação às eleições, e afirmou que está aberta a temporada do
“voto do cabresto gospel”.
O principal alvo das críticas
de Siqueira foi o pastor Silas Malafaia, que recentemente comentou a extinção
da PLC 122 em seu programa “Vitória em Cristo”, orientando
seus expectadores a não darem seus votos para determinados
parlamentares, que não seguiam a postura que ele defende a respeito do projeto
de lei.
A blogueira comentou também o
apoio político dado por Malafaia ao prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes. De
acordo com ela tal aproximação é incoerente, visto que Malafaia combateu
ferozmente a PLC 122, argumentando se tratar de uma lei que privilegiaria
homossexuais, e na gestão de Paes foram produzidos vídeos que mostram o Rio de
Janeiro como a capital gay do Brasil e incentivam o turismo sexual na cidade.
- (…) não é contraditório que
o Malafaia apoiasse o prefeito Eduardo Paes? Como, num instante, o pastor pode
ser contra um projeto de lei favorável aos homossexuais, mas ao mesmo tempo ser
aliado de um prefeito que incentiva o turismo sexual gay? – questiona a
blogueira.
- E como explicar que o pastor
apoia um candidato que incentiva o turismo sexual gay, mas é contra outro
(Fernando Haddad, prefeito de São Paulo) acusado de produzir o “kit gay”
(material que não chegou a ser distribuído nas escolas)? – completa Vera
Siqueira, afirmando que tal apoio político se dá por interesse, visto que
Eduardo Paes investe pesado em eventos liderados pelo pastor, como a Marcha
para Jesus no Rio de Janeiro.
A ligação do pastor com o
senador Lindbergh Farias, citado pelo Malafaia como um dos que votaram pela
extinção do PLC 122, também é criticada no artigo. Farias esteve no final de
2013 na igreja liderada por Silas Malafaia, onde foi chamado à frente e recebeu
uma oração do pastor. Tal visita rendeu a eles um processo
por propaganda eleitoral antecipada.
Afirmando que tais ligações
entre religiosos e políticos são negócios, a blogueira critica ainda o fato de,
em seu programa, o pastor “indicar sutilmente” políticos como Renan Calheiros e
Jader Barbalho que, segundo ela, “têm uma ficha política de dar arrepios”.
- Na política tudo são
negócios que nem sempre envolvem dinheiro, mas apoio na votação de projetos, na
liberação de terrenos para construção de igrejas, na concessão de emissoras de
rádio e TV, na indicação de pessoas próximas para cargos no governo, etc.
Enfim, é para isso que as denominações querem ter alguém que as represente
junto ao Poder – afirma.
Vera Siqueira finaliza seu
texto afirmando que os evangélicos devem sim se envolver com a política, mas
que não deve se deixar influenciar nem controlar por líderes religiosos.
Segundo ela “não só o Malafaia, mas o Edir Macedo, o Valdemiro Santiago, o R.
R. Soares, o Samuel Câmara, o Samuel Ferreira, o Renê Terranova, o Robson
Rodovalho, os Hernandes e tantos outros líderes gospel trabalharão duro para
que seus rebanhos ajudem a eleger um ou mais candidatos que possibilitem o
ganho de benefícios para a denominação e/ou suas lideranças”.
- O cristão precisa conhecer
mais da política, precisa se interessar pela política, precisa aprender a
votar. Mas votar segundo sua consciência e discernimento, não segundo a vontade
do seu líder espiritual. Somos rebanho de Deus, não gado ou massa de manobra de
homens ditos “ungidos” – orienta a blogueira.
Por Dan Martins, para o Gospel+
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