As declarações do deputado
Jean Wyllys (PSOL-RJ) e da ministra Maria do Rosário, titular da Secretaria de
Direitos Humanos, sobre a morte do jovem Kaique Augusto dos Santos, 17 anos,
foram tidas como oportunistas e inadequadas por diversas lideranças cristãs e
autoridades.
À época que se noticiou a
morte do jovem homossexual, a família lançou suspeitas sobre a definição de
suicídio que a Polícia Militar de São Paulo deu ao caso no registro da
ocorrência, e levantou a hipótese de que se tratava de um crime de homofobia.
Entretanto, com o decorrer das
investigações, tanto a Polícia quanto a família do jovem chegaram à conclusão
de que Kaique havia se suicidado por conta de uma frustração amorosa.
Antes do fim das
investigações, Jean Wyllys e a ministra Maria do Rosário se posicionaram sobre
o assunto de forma enfática e agressiva.
O deputado federal e ex-BBB
acusou os evangélicos “fundamentalistas” pela responsabilidade do crime, e
chegou a dizer que não era de se duvidar que os assassinos tivessem recitado
versículos bíblicos durante a suposta execução do rapaz.
Já Maria do Rosário afirmou
que o jovem havia sido “brutalmente assassinado” e que por conta de crimes como
esses era importante que o Congresso aprovasse leis específicas contra os
crimes de homofobia.
Críticas
A repercussão das declarações
abusivas movimentou autoridades e lideranças evangélicas, indignadas com a
irresponsabilidade de discursos precipitados emitidos pela dupla.
“Mais uma vez, o país assiste
estarrecido um grupo de políticos e militantes transformarem a tragédia humana
em panfleto eleitoral e bandeira ideológica. A trágica morte por suicido do
jovem Kaique no centro de São Paulo é usada politicamente pelo governo federal
e militantes da causa gay”, sintetizou Danilo Fernandes, blogueiro responsável pelo Genizah.
Para Fernandes, a postura de
presunção dos fatos adotada por Wyllys e Maria do Rosário é lamentável: “Qual
foi a sustentação factual da tese de crime movido por homofobia para a morte de
Kaique? O disse-me-disse das redes sociais da militância gay e as declarações
da família traumatizada com a morte violenta do jovem. E mais nada! Não se
esperou ou pediu por laudos de perícia, não se indagou as autoridades
constituídas acerca dos rumos das investigações. E ainda houve quem
desconfiasse da parcialidade da apuração jornalística da mídia ‘vendida’ ao
governo estadual!”, criticou.
A linha de crítica à ministra
dos Direitos Humanos foi acompanhada pela secretária de Justiça de São Paulo,
Eloisa Arruda: “Lamento que uma situação tão dolorosa tenha sido encaminhada de
forma sensacionalista. São casos que devem ser tratados com serenidade e
seriedade, sem fazer proselitismo com o sofrimento alheio”, pontuou.
O pastor Renato Vargens cobrou com veemência uma retratação
pública das acusações feitas de forma descabida contra evangélicos: “É preciso
saber se a ministra e o deputado oferecerão ao povo brasileiro pedidos de
desculpas pelo julgamento descabido. Tanto Rosário como Wyllys foram
inconsequentes em suas afirmações demonstrando não possuírem condições de
exercerem cargos de tamanha relevância no cenário nacional. Para piorar a
situação, o deputado Fluminense ofendeu os cristãos, chamando seus pastores de
charlatões inflamando a opinião pública contra os evangélicos [...]
Lamentavelmente o deputado do PSOL (que tanto prega sobre tolerância) tem
demonstrado em seus discursos, falas e entrevistas, o quanto é intolerante,
revelando assim a sua incapacidade de lidar com opiniões divergentes a sua”.
O sociólogo, jornalista e
colunista do Gospel+ Thiago Cortês criticou a “histeria” de Jean Wyllys e
afirmou que o deputado “antes de escrever um artigo para se autopromover,
deveria procurar os investigadores responsáveis e compartilhar com eles tudo o
que sabe”.
“Em sua verborragia de ódio,
Jean Wyllys quer criar fatos noticiosos, polarizar com os cristãos e gerar
tensões entre gays e héteros. Tudo isso para tentar apagar o seu erro de
principiante que foi ter fugido da Comissão de Direitos Humanos e Minorias
(CDHM). A sua saída tinha o objetivo de destruir a credibilidade da Comissão,
mas acabou interpretada pelo como uma covardia. A decisão foi tão ruim que até
mesmo alguns militantes LGBT também avaliaram que a saída em bloco da CDHM foi
um ‘erro estratégico’. Jean Wyllys e seus colegas fugiram do debate. Ao invés
de confrontar o ‘fundamentalista’ Marco Feliciano, o socialista Wyllys preferiu
fundar uma ‘comissão alternativa’ na Praça da República, em São Paulo, com
travestis e prostitutas”, criticou Cortês.
As discussões entre formadores
de opinião, lideranças evangélicas e militantes LGBT por conta do episódio
foram criticadas pelo bispo Hermes C. Fernandes, que chamou a atenção para o exemplo
deixado por Jesus durante seu ministério.
“Considerando a hipótese de
suicídio, isso não diminuiria em nada a nossa responsabilidade em sermos mais
cuidadosos na apresentação e defesa de nossos valores. Por que digo ‘mais
cuidadosos’? Porque percebo certa displicência na maneira como abordamos a
questão da homossexualidade [...] As únicas vezes em que nos deparamos com
Jesus vociferando contra o pecado, o público alvo eram os fariseus e religiosos
de Sua época. Com as prostitutas e marginalizados, Jesus procurava ser gentil e
cordial. Ele jamais entrou num prostíbulo quebrando tudo e colocando meretrizes
e clientes para correr. Mas fez isso no templo, denunciando os mercadores da
fé. Os líderes atuais parecem tomar o caminho inverso. Somos extremamente
cordiais uns com os outros (mesmo que alguns estejam vivendo hipocritamente),
mas provocantemente insultuosos com os que vivem aquém do padrão moral que
abraçamos, principalmente os homossexuais”, observou Fernandes.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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