sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A pregação e o pregador

Pregar não significa simplesmente fazer  discursos e sermões. Pregar é falar em  nome de Deus, 1 Co 1.21; Is 52.7; Rm 10.15. O conceito bíblico de pregação é um anúncio, uma proclamação das boas novas, o Kerigma (mensagens) revelado pelo Espírito Santo. Quem prega, prega no lugar de Deus. Disse Jesus: “Eu vos envio como o Pai me enviou”. A pregação ocupou a terça parte do ministério pessoal de Jesus  (Mt 4.23; 9.35 ). Se dermos à pregação o prestígio que o Senhor lhe deu, Ele nos dará o êxito que Ele mesmo alcançou.
É impossível falar de pregação sem considerar a vida do pregador. O ministério da Pregação da Palavra não é tão simples como muitos podem pensar, porque o sucesso da pregação está associado à vida de quem prega.

VIVER PREGANDO E PREGAR VIVENDO. 
Todo pregador deveria ter isso em mente: “A minha vida fala mais alto do que a minha própria voz”.
A autoridade do pregador está em viver aquilo que prega. Antes de pregar, a mensagem precisa ter produzido efeito no pregador. Caso contrário, este pregador estará oferecendo uma comida que nem ele experimentou. Isto é agir com hipocrisia.
Houve um pregador, que quando ministrava no púlpito da sua igreja sobre harmonia no lar , o filho percebeu que a palavra não condizia com sua vida prática. Correu e subiu no púlpito e gritou para mãe: “ Mãe, se o pai fosse assim lá em casa eim...”
O que o pregador prega no púlpito, deve viver fora dele.

PARTE I: QUALIDADE DO PREGADOR EFICIENTE
I. A CHAMADA
A chamada geral envolve todos os membros do corpo de Cristo, Mt 4.19. Todos os salvos foram chamados com uma vocação, para serem pescadores de homens. A vocação da Igreja é missionária, evangelistica. Porém existe a chamada específica.
Chamada específica Ef 4.11. “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres”. Nem todos foram chamados para serem pregadores e mestres. É preciso compreender a chamada e a vocação ministerial, para não ser um bom obreiro porém fora do lugar.
Muitos foram chamados e vocacionados para pregar, porém negligenciam, não querem pagar o preço da dedicação. Ninguém pode ser bem sucedido no exército deste ministério, se não estiver dispostos a sacrifícios que são inevitáveis na vida de um pregador bem aprovado.
A minha oração constante é para que Deus levante mais homens com a disposição do apóstolo Paulo, com a intrepidez de Pedro e com a eloqüência de Apolo, para que o evangelho continue transformando e santificando vidas

II. ORAÇÃO
Antes de ser um homem da pregação eloqüente, todos devem se preocupar em ser, o “ homem da oração eficiente”. O pregador não pode agir como um profissional do púlpito. A mensagem ministrada na Igreja  e para a Igreja não é para informar, mas sim para transformar, edificar, salvar, restaurar, etc.
Mensagens ministradas para pregadores que não oram, é como um pão cru, que foi servido sem  passar pelo “fogo”. Este tipo de mensagem não convence nem aquele que prega, quanto mais aqueles que ouvem.

Oração e unção
É interessante notar que, quando Pedro e João abençoaram um homem, ministrando sobre ele a cura de sua enfermidade, diz a Bíblia que eles estavam subindo para o Templo a fim de orar (Atos 3). Disse Pedro: “não temos ouro e nem prata, mas o que temos (unção)...”.É impossível separar unção da oração. Orar é molhar o sermão com óleo precioso da santa unção do Espírito Santo. Ef 6.18 na pregação, usar a imaginação sem unção é presunção.
Ir para cima e para baixo a semana inteira perdendo tempo com o que não é prioridade, e depois lançar-se ao amparo do Espírito Santo é presunção ímpia, é tentativa de fazer do Senhor um ministro da nossa preguiça e autocomplacência. (Spurgeon, C.H. )

Jesus pregou na unção o do Espírito Santo ( Lc 4. 18,19; Mt 13. 34,35
A. Oração, a chave do pregador eficiente
B.  A oração abre a porta da revelação dos ministérios de Deus em sua Palavra.
C.  A oração torna-nos mais sensíveis para ouvimos a voz de Deus enquanto estudamos a sua              Palavra.
D. Através da oração, o Espírito  Santo traz luz para a nossa mente, para que compreendamos os pontos mais difíceis da Palavra de Deus.
E.  Através da oração Deus nos capacita com poder para pregar.
F.   Sem oração a vida do pregador é tão inoperante quanto um carro sem gasolina.
G. A oração é o termômetro que mede a espiritualidade do pregador.

III. MEMÓRIA
A memória é a faculdade de reter as idéias, impressões e conhecimento adquiridos. A memória é sempre de grande utilidade para o orador. A memória é tão importante, que o Espírito Sento através dela nos faz lembrar aquilo que Dele aprendemos, no momento em que estamos ministrando a Palavra. Apesar de haver pessoas com memória prodigiosa, nunca devemos deixar de depender do Espírito Santo.

IV. HABILIDADE
Além de se preocupar com a memória, o pregador deve ter habilidade na ministração do sermão. Deve ter sensibilidade para perceber a direção do vento do Espírito Santo e saber para que tipo de auditório esta falando, se para crianças, adolescentes, jovens, adultos, homens, mulheres, cristãos, não cristãos, etc. Jesus métodos diferentes para evangelizar pessoas e grupos diferentes. Não basta apenas falar com elegância, é preciso através da mensagem pregada com habilidade e unção de Deus persuadir e convencer.

V. A INSPIRAÇÃO
O dicionário Aurélio da Língua Portuguesa dá a seguinte definição para inspiração: (Do latim, inspiratione). Ato de se inspirar ou de ser inspirado. Qualquer estímulo dado ao pensamento ou à atividade criadora. O resultado de uma atividade inspiradora. Entusiasmo poético, estro. (Teol.) Noção Divina, que dirigiu os autores dos livros da Bíblia Sagrada.
A inspiração seria a forma como o pregador prepara a mensagem para ministra-la. (2 Sm 23:2; Jr 1:9, 10; Ez 3:16 ). É a soma de esforço através da oração, estudo da Palavra, pesquisa e profunda reflexão para dar o melhor, vindo de Deus para o povo. O Deus que inspirou os Santos Escritores das sagradas Escrituras, ainda  inspira os que fazem da Palavra a base das mensagens que pregam.
O pregador que é inspirado ao preparar o sermão e prega inspirado, com certeza suas mensagens produzirão frutos que haverão de glorificar a Deus.
Sem inspiração é melhor que não haja pregação.

VI. A CRIATIVIDADE
Quando falta a criatividade no pregado, a monotonia toma conta de sua prédica e ele enfada o auditório. Todos nós provavelmente tivemos a oportunidade de ouvir a mesma história contada por duas pessoas em época diferentes. É quase certo também que uma dela tenha nos impressionado mais que a outra. Sem medo de errar, podemos dizer que a grande diferença está na criatividade de quem as contou. Criar é esforçar-se em sair do lugar comum, forçar a imaginação a encontrar caminhos desconhecidos para despertar os sentimentos dos ouvintes e mantê-los presos à força da comunicação. Jesus não tinha os recursos tecnológicos que possuímos hoje, porém Ele prendia seus ouvintes, usando métodos criativos.
Os mais bem sucedidos pregadores são aqueles que usam muita criatividade ao se comunicar com seus ouvintes. O pregador deve estar muito atento á reação do auditório. Durante a ministração da mensagem é importante que haja momento de profunda reflexão, emoção e também descontração, principalmente quando for  horário da tarde, quando, as vezes, o auditório demonstra sonolência.

VII. O ENTUSIASMO
Esta palavra vem do grego (enthousiasmós) que significava na antiguidade. Exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina, trase, transporte. Falar co entusiasmo é falar com veemência, vigor dedicação ardente, ardor e paixão. O pregador que comunica a mensagem sem entusiasmo, demonstra não acreditar no que esta falando e dificilmente convencerá seus ouvintes. O pregador eficiente é aquele que sente e vive cada fase da mensagem que esta pregando. Alguém disse: “O homem vence até sem preparo, mas dificilmente terá êxito em qualquer atividade se não contar com a força do entusiasmo, capaz de superar todas as adversidades”.  Através do entusiasmo nós demonstramos nosso amor, nossa dedicação, nossa preocupação, nossa própria vida.

VIII. A DETERMINAÇÃO
Ao procurar aperfeiçoar-se, o pregador deparará com situações algumas vezes desanimaras que provocarão dúvidas e incertezas quanto às suas possibilidades de sucesso na arte de comunicar a Palavra de Deus. Se nesse momento ele fraquejar, render-se ante á aparente impotência, será fragorosamente carregado pelo turbilhão de justificativas e desculpas que aparecerão para explicar a impossibilidade de continuar. Jesus e todos os homens de sucesso no Reino de Deus demonstraram muita determinação no exercício do seu ministério. Sem determinação jamais Paulo faria a declaração de triunfo pouco antes da sua morte. “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.”
Para Jesus chegar até na cruz e dizer: “Pai esta consumado...” foi necessário muita determinação. Os homens de sucesso, são homens determinados.
Um exemplo de determinação foi Demóstenes, um dos maiores oradores da Grécia. Para obter êxito na arte de falar, teve que superar dificuldades impostas pelas suas próprias deficiências naturais. Os problemas de respiração, articulação e postura não lhe creditavam as condições , mínimas para que pudesse ati8ngir seu objetivo de tornar-se um orador. Após muita dedicação e sofrimento transformou seu sonho em realidade. Tornou-se o maior orador que a Grécia pode conhecer.
Um  dos segredos do grande sucesso de Daniel como cidadão do reino de Deus, em Babilônia, foi sua  determinação. Neemias jamais teria realizado a proeza de reconstruir o muro de Jerusalém em poucos dias em circunstâncias adversas, não fosse um homem de Deus determinado.
Um homem determinado é um homem que tem grandes chances de sucesso em seu trabalho. Quem for determinado e persistente alcançará seus ideais e propósitos na vida. Sem determinação é bom que nem se comece qualquer trabalho, principalmente o de pregar a Palavra. Pregar também é guerrear, lutar, etc.

X. A OBSERVAÇÃO
Palavra que vem do latim (observare)que significa examinar minuciosamente, olhar com a tenção; estudar; espiar, espreitar. (Dicionário Aurélio, língua Portuguesa).
Todas as mensagens, indistintamente, desde a mais simples e aparentemente sem interesse para o público até as mais profundas e bem preparadas teologicamente, são importantes para a Expressão Verbal. Uma rua deserta e sem vida pode ser transformada com seu silêncio numa eloqüente mensagem.
As parábolas de Jesus. Jesus era um observador por excelência. Ele era capaz de notar a “pequena –grande” oferta de uma pobre viúva, o comportamento dos pastores com as ovelhas, o cuidado das mulheres com suas dracmas, a atitude dos filhos com os pais , o trabalho dos pescadores, o trabalho dos lavradores. Jesus construía suas ilustrações observando a vida quotidiana das pessoas que lhe rodeavam.
 O pregador deve estar atento a todas as coisas que o cercam; deverá observar o comportamento das pessoas, a beleza da paisagem, o canto dos pássaros, as cores irretratáveis do entardecer. Somente um espírito observador pode´ra captar essas imagens e utiliza-las no momento adequado.Quem passa pela vida e não vê não pode contar o que não viveu.

XI. A TEATRALIZAÇÃO
Teatralizar significa, demonstrar aos ouvintes aquilo que estes pretendem que o pregador esteja querendo passar como sentimento. Ora, se o pregador está falando de tristeza, não o pode fazer sorrindo, seria um absurdo. O pregador deve comunicar a mensagem de forma tal , que as pessoas sejam transportadas para dentro da mensagem, ao ponto de se identificarem com um dos personagens da história Bíblica ou ilustração contada. É importante o pregador saber demonstrar o que pretende que os ouvintes entendam como sentimento que envolve aquela parte da mensagem, seja alegria, pânico, desolação, euforia, decepção, etc.

XII. A SINTESE
Palavra que vem do grego (synthesis)que significa resumo. Sintetizar é resumir, compendiar, substanciar.
Dizer tudo que for preciso em poucas palavras é uma tarefa difícil que precisa ser perseguida com obstinação. Quando o pregador conseguir dominar e controlar as suas ações e perceber que está sendo bem sucedido na comunicação das mensagens, correrá o risco de exceder os limites de tempo preestabelecidos para conclusão.
A capacidade de síntese, não está ligada exclusivamente ao tempo do sermão que está sendo pregado. O seu conceito é mais abrangente do que a simples medida de relógio, e está relacionado com a importância dos aspectos desenvolvidos em cada assunto e com o objetivo a ser atingido. Não adianta parar de falar porque já se ultrapassou um determinado tempo, se com isto estiver mutilando importantes aspectos da mensagem que Deus, através do pregador, está ministrado. É claro que tudo tem um limite de tolerância.
O grande pecado que se comete, é quando o pregador insiste em continuar, quando a mensagem já terminou. Dali para frente não é Deus falando, mas sim o pregador. O pregador precisa ter sensibilidade para saber a hora certa de concluir e parar. Ao contrário ele pode comprometer o sucesso do seu trabalho.
Um orador que fez a seguinte afirmação: “Quando estiver na tribuna falando e perceber um ouvinte olhando para o relógio, não se preocupe, ele está apenas querendo saber as horas; mas quando perceber que um ouvinte encosta o relógio ao ouvido para certificar-se que ele não está quebrado, já passou o momento de parar.”
A síntese é imprescindível, porque é fundamental muitas vezes introduzir ou concluir o sermão com o resumo de apenas algumas linhas e minutos. O pregador que não trinar, fazendo resumo de textos, histórias e ilustrações, terá dificuldade para ser bem sucedido na pregação de seus sermões.

XIII. O RITMO
O ritmo é a musicalidade da fala, é a colocação mais ou menos prolongada das vogais, a pronúncia correta das palavras, levando em conta a sua acentuação, a alternância da altura da voz e da velocidade que imprimimos às frases, ora alta, ora normal, ora baixa; rápida em certos momentos, lenta em outros, fazendo com que este conjunto melodioso influa no espírito  e na vontade dos ouvintes.
É preciso aperfeiçoar o ritmo da fala dentro do estilo da cada um, aproveitando a  energia, o timbre e a sonoridade da voz. Ninguém deve copiar ninguém, mas é sempre recomendável que ouça grandes pregadores, oradores e mestres, para que se observe os efeitos do ritmo das suas palavras e se possa associar aos produzidos pela nossa comunicação. O ritmo e a cadência da fala poderão ser conquistados com simples exercícios de leitura de poesia, em voz alta.

XIV. A VOZ
A voz determina a própria personalidade de quem fala. Se estamos alegres, tristes, apressados, seguros, etc., a primeira identificação destes comportamento é transmitida pela voz. Por que será que a voz reflete com tanta nitidez o que passa no interior das pessoas? Desde o inicio da criação até os dias atuais, adaptamos certas partes do nosso aparelho digestivo e aparelho respiratório para a produção da fala, e formando assim o aparelho fonador. Note-se, entretanto que o aparelho fonador, embora exista para a produção da fala, é uma adaptação do nosso organismo. Qualquer problema de ordem física ou emocional será imediatamente revelado através da voz.

A. A respiração
O primeiro cuidado que se deve ter para que a voz adquira a qualidade desejada é respirar corretamente. Existe normalmente falta de sincronismo forno-respiratório, que prejudica sensivelmente a produção da voz mais adequada. 
Algumas pessoas falam quando ainda estão inspirando ou continuam a falar  quando o ar praticamente já terminou. Assim não há aproveitamento da coluna e    ar que deveria ser formada pelos foles pulmonares, exigindo um esforço excessivo das últimas partes do aparelho fonador.
A respiração mais indicada para falar é aquela que utiliza inspiração costo-diafragmática e expiração costo-abdominal, como fazem os bebês, principalmente quando estão dormindo.

B. A Dicção
A dicção é a pronúncia dos sons das palavras. A deficiência na dicção é quase      sempre provocada por problemas de negligência. É costume quase generalizado    omitir os “r”  e os “s” finais, como exemplo: “Levá”,  no lugar de levar, “trazê”no lugar de trazer, “fizemo” no lugar de fizemos da mesma forma que se   omitem comumente os “is: intermediários: “janero” em lugar de janeiro,     “tercero” no lugar de terceiro etc. outros erros de dicção provocados por causa da negligência são a troca do “u” pelo “L” e omissões de sílabas”: “Brasiu” no  lugar de Brasil, “pcisa” no lugar de precisa etc.
Entre as pessoas mais incultas, encontramos vários erros provocados por   alterações fonéticas. É o caso da hipérftese, que é a transposição de som de uma       sílaba para outra da mesma palavra: trigue (tigre), drento (dentro), e da  metátese         , que é a transposição de som dentro de uma mesma sílaba: troce (torce), proque

Sérios vícios de linguagem também provocam erros na pronúncia das palavras:
Rotacismo – É a troca do l  por r: crássico (clássico), Cráudio (Cláudio).
Lambidacismo – É a troca do r por l : talde (tarde), folte (forte).

Um exercício útil para melhorar a dicção é fazer leitura em voz alta, colocando obstáculos na boca como o lápis, o dedo ou qualquer outro objeto que passa dificultar a pronúncia das palavras durante o treinamento. 

C. Velocidade
Esta é uma dúvida que surge com freqüência, qual é a velocidade correta a ser empregada na fala: rápida, muito rápida, lenta, muito lenta. Cada orador e cada assunto terão sua própria velocidade que, dependerá da capacidade de respiração, da emoção, da clareza, da pronúncia e da mensagem transmitida.        
Alguém dizendo: passou rápido como a luz, é evidente que a velocidade será maior que a normal. Dizendo entretanto: Desceu lentamente como sombras da noite, é claro também que a pronúncia das palavras se dará com a velocidade mais lenta.


D. Expressividade da fala
Além destes aspectos, é bom atentar para a expressividade dedicada às palavras dentro da frase. Cada palavra possui uma ou mais sílabas mais importantes.          
Dependendo da pronúncia mais ou menos acentuada dessas sílabas ou palavras,     a mensagem poderá ser uma outra. Assim podemos dizer, sábia, sabia ou sabiá.

E.  Intensidade
É preciso também exercitar e vigia a intensidade da voz. Não podemos falar aos berros para um pequeno auditório, nem aos sussurros para uma multidão.
Aquele que fala com a voz igual a um trovão, quando diante de  um pequeno público, fazem papel ridículo, embora possam achar ingenuamente que estão impressionado e conquistando os ouvintes. Com o uso generalizado do microfone, esse problema atinge atualmente qualquer tipo de ambiente, pois a voz sai amplificada na sua intensidade. Assim, mesmo para encontrar a altura adequada para  não irritar aqueles que ouvem.
A voz é um veículo fundamental no transporte da mensagem, precisa ser bem cuidada para não prejudicar a comunicação. Se falarmos com voz defeituosa, a mensagem chegará distorcida aos nossos  ouvintes.
O pregador que sabe usar a voz co equilíbrio e bom senso aplicando algumas regras básicas, com certeza terá muito mais sucesso do  que  aqueles não se preocupam com esta parte, que uma das mais importantes na comunicação da Palavra de Deus.

XV. O VOCABULÁRIO
O vocabulário corporifica todas as nossas idéias. Se ele se apresentar deficiente, não conseguirá  transmitir o que pensamos, ou, talvez nem cheguemos a pensar, pois pensamos através de  palavras. O vocabulário deverá ser o mais vasto possível, embora, melhor do que se ter um vocabulário riquíssimo, seja saber usar o vocabulário que se tem. Embora supondo que as idéias pudessem surgir independentemente, sem nenhuma corporificação, só poderiam ser externadas através de um corpo, que é representado por palavras.

A escolha do vocabulário
A. O vocabulário sofisticado
O vocabulário ideal não é riquíssimo, sofisticado, como se tivesse sido pesquisado em enciclopédias e dicionários. Muito menos deve ser pobre e vulgar. O vocabulário rico é útil para compreendermos tudo aquilo que as pessoas falam ou escrevem, mas nem sempre deverá ser usado na nossa Expressão Verbal. O auditório não está interessado em palavra difíceis. Como é que as pessoas podem ficar concentradas na mensagem, se tiver de preocupar-se com o significado de cada palavra?

B. O vocabulário pobre
O vocabulário pobre, predominante na maioria das pessoas, atende somente às necessidades mais primárias do dia-a-dia. Compõe-se de um número reduzido de palavras e não permite a concatenação eficiente do pensamento. Palavras vulgares não podem freqüentar a boa Expressão Verbal, e o mesmo se diga das “frases feitas”, surradas pelo uso, e das expressões de gíria, que só cabem em       situações especialíssimas.

C.  O vocabulário técnico ou profissional
Também não se considera como ideal o vocabulário técnico, próprio de uma criatividade. Diplomas legais, competência tributária etc. são termos que se prestam à comunicação entre advogados, juizes e estudantes de Direitos, mas   provavelmente dificultarão o entendimento de um  auditório leigo nesta ciência. Da mesma forma, produto nacional bruto, renda “percapita”, função consumo  etc. só estarão ao alcance daqueles familiares com as ciências econômicas. Nem todos tiveram a oportunidade de tomar conhecimento de uma linguagem, técnica específica. Sua utilização deverá ser reservada àqueles que convivem com ela  em suas atividades normais.

D.  O melhor vocabulário
O vocabulário ideal é aquele que se adapta a qualquer auditório. Embora simples, traduz as idéias claramente, sem divagações. Lembremo-nos sempre,entretanto, que palavras simples não são palavras sem consistência. O conceito de simples  restringe-se à clareza das idéias e à compreensão dos ouvintes.
Quanto mais abundante for o vocabulário, maior será a capacidade de adaptação aos mais diferentes tipos de auditórios. Essa versatilidade torna o orador capaz de falar e transmitir a mensagem para todo tipo de ouvinte, dos mais humildes  aos mais cultos e letrados.

E.  Como desenvolver o vocabulário
Alguns exercícios simples, fáceis de serem executados e que apresentam bons resultados.

1. Leitura eficiente
Ler um bom livro, textos, revistas e jornais, com lápis na mão e um dicionário ao lado, possibilita o conhecimento e enriquece o vocabulário.                               
Toda vez que deparamos com palavras desconhecidas ou as quais não temos certezas do verdadeiro significado, devemos anota-las e procurar seu significado no dicionário. Em seguida, devemos construir algumas frases, utilizando a nova palavra. Finalmente, utiliza-las em conversas e redações. Assim, ela se integrará definitivamente ao nosso vocabulário.     
     
2. Ouvir com eficiência
Quando ouvimos uma pessoa falando, normalmente ficamos preocupados em compreender sua mensagem, mas raramente analisamos quais as palavras utilizadas na sua formação. Estes momentos são muitos valiosos. Se prestarmos atenção nos vocábulos usados em cada frase,                  percebermos que alguns poderão pertencer ao nosso vocabulário. 
O procedimento é o mesmo da leitura, anotar as palavras, estuda-las com ajuda de um dicionário, exercita-las nas próximas conversas e redações e finalmente incorpora-las definitivamente no nosso vocabulário.
Existem muitas outras formas para tornar o vocabulário mais extenso:ler bons livros, ouvir bons oradores, fazer palavras cruzadas e, o que é mais importante, praticar, pois se não colocarmos em prática o que foi aprendido, de nada adiantará todo estudo e sacrifício.
 É necessário que façamos uso de todos os recursos disponíveis, para enriquecer o nosso vocabulário. Hoje é inadmissível um pregador usando o português de forma incorreta, quando se tem todo o recurso disponível para aprender a falar em público corretamente. A preguiça é um mal que tem levado muitos obreiros a cometerem coisas absurdas e vergonhosas quando falam no púlpito.             

XVI. A EXPRESSÃO CORPORAL
Todo nosso corpo fala quando nós estamos comunicando. A posição dos pés e das pernas, o movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura dos ombros, o balanço da cabeça,as contrações do semblante e a expressão do olhar. Cada gesto possui seu significado próprio, encerra em si uma mensagem. Embora os gestos tenham estritas ligações com a natureza das idéias, nem sempre é fácil encontrar na sua expressão o complemento ideal para nossas mensagens. Muitas vezes temos que abandonar a velocidade calma de um movimento que representaria a idéia externada, para optar pelo movimento brusco e ríspido, coerente com a inflexão  da voz.

A. Naturalidade do gesto
Na comunicação durante a pregação, nada deve superar a naturalidade. É bom    evitar falar com as mãos nos bolsos, com os braços cruzados, apoiados contentemente sobre o púlpito ou tribuna, mesa ou cadeira. 
Não se apresentar com a postura do corpo indicado excesso de humildade, curvado para frente,      muito menos indicando arrogância ou prepotência, com cabeça levantada olhando por cima do auditório.
O gesto obedece a um processo natural. 
Pensamos na mensagem, ao mesmo tempo em que informamos ao corpo o movimento a ser executado. 
O corpo reage e só depois pronunciamos as palavras. Por isso o gesto vem antes da          palavra ou junto com ela e não depois.
1. A posição das pernas
2. Os movimentos das mãos
3. A posição da cabeça
4. A comunicação do semblante

O semblante talvez seja a parte mais expressiva de todo o corpo. Funciona como uma espécie de tela, onde as imagens do nosso interior são apresentadas em todas as suas dimensões. Cada sentimento possui formas diferentes para ser apresentado pelo semblante. É muito importante o pregador usar este recurso fisionômico para melhor comunicar a mensagem que está ministrando.

B. A comunicação visual
De todo o semblante, os olhos possuem importância mais evidenciada para o sucesso da Expressão Verbal. Através dos olhos verificamos o comportamento    do público. Se todos estão interessados em ouvir a mensagem, se estão  entendendo o que dizemos, se concordam ou se apresentam resistência a determinada parte da mensagem.
Olhando para todos. É um hábito prejudicial à comunicação da mensagem, o pregador olhar apenas para uma única pessoa ou apenas para algumas pessoas. 
O pregador eficiente é aquele que consegue olhar para todas as pessoas que estão   lhe ouvindo. Quando os olhos do pregador passam por todas as pessoas do          público, cada pessoa percebendo isto vai se sentir importante e valorizada.

XVII. A NATURALIDADE
Nada deve sacrificar a naturalidade no falar em público. Se for para alguém aprender as técnicas da boa oratória, mas perder a sua naturalidade, é melhor ficar sem a técnica e conservar a sua naturalidade.
Quando um orador está falando em público, e o auditório percebe a falta de naturalidade, as pessoas passam a desconfiar dele. Ninguém poderá parecer ter sido fabricado para falar. As pessoas que nos ouvem, querem  ver e ouvir um ser humano inspirado falando, e não um robô cujos movimentos e gestos são todos programados.
Somos apenas instrumentos da mensagem de Deus. Elas não estão interessadas em nós, pessoalmente, mas no que estamos falando em nome de Deus.

XVIII. O CONHECIMENTO
“... para se dar aos simples prudência, e aos jovens conhecimentos e bom siso. Ouça o sábio e cresça em sabedoria, e o entendimento adquire habilidade.”Pv. 1:4,5
“...jovens em quem não houvesse defeito algum, formosos de parecer, e instruídos em toda a sabedoria, sábios em ciências, e versados no conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no palácio do rei...” Dn 1.5
“Persiste em ler, exortar e ensinar...”1 Tm. 4:13
só deve  falar quem tem alguma coisa de Deus para dizer. Jesus disse que o Espírito Santo nos faria lembrar daquilo que com ele tínhamos aprendido. Falar sobre um assunto que não estudamos, não conhecemos, sem nenhum preparo anterior é um verdadeiro crime contra as pessoas que muitas vezes se esforçam para estar presentes a fim de ouvirem muito de Deus através de nós.
 O pregador deve conhecer bem  a Palavra de Deus e também outras matérias que podem  ser muito útil na preparação do sermão a ser ministrado. Deve ter interesse pelas Artes, pela História, pela Geografia, pela literatura e, principalmente, pelos fatos do  seu tempo. Aquele que ministrar a Palavra profética de Deus, não pode viver fora  da sua realidade. Precisa estar sempre atualizado, munido de informações, saber  o que todos cometam. Todos os recursos desenvolvidos pela Expressão Verbal visam a transmissão da mensagem para ser transmitida, não há motivo para falar.
Nunca é cedo demais para se- preparar para falar sobre um determinado tema. Se tiver uma semana de prazo, prepare-se durante uma semana, se tiver um mês, prepare-se durante um mês, se tiver um ano, prepare-se durante um ano. Use todo o tempo disponível. Saiba sempre muito mais do que aquilo que vai expor. Aquilo que é para eu fazer, Deus não fará por mim . a unção vem de Deus, mas estudar e preparar são parte que cabe ao pregador.

PARTE II: CLASSIFICAÇÃO DE SERMÕES

I. O SERMÃO TEMÁTICO
Sermão temático é aquele cujas divisões principais derivam do tema, independente do texto.
Primeira parte – as divisões principais devem ser extraídas do próprio tema do sermão. Isto significa que o sermão temático tem início  com um tema ou tópico, e suas partes principais consistem em idéias derivadas desse assunto.
Segunda parte – Fica clara na definição que o sermão temático não requer um texto como base de sua mensagem. Isso não significa que a mensagem não seja bíblica, mas apenas que a fonte do sermão temático não é um texto bíblico.

II. O SERMÃO TEXTUAL
Sermão textual é aquele que as divisões principais são derivados de um texto constituído de uma breve porção da Bíblia. Cada uma dessas divisões é usada como uma linha de sugestão, e o texto fornece o tema do sermão.
O exame desta definição deixa claro que no sermão textual as linhas principais de desenvolvimento são tiradas do próprio texto. Desta maneira, o esboço principal mantém-se estritamente dentro dos limites do texto.
O texto pode constituir em apenas uma linha de um versículo bíblico, ou um versículo todo, ou até mesmo dois ou três versículos.

III. O SERMÃO EXPOSITIVO
Sermão expositivo é aquele em que uma porção mais ou Menos extensa da Escritura é interpretada em relação a um tema ou assunto. A maior parte do material desse tipo de sermão provém diretamente da passagem, e o esboço consiste em uma série de idéias progressivas que giram em torno de uma idéia principal.

PARTE III: PARTES DO SERMÃO

I. A INTRODUÇÃO
Introdução é o processo pelo qual o pregador procura preparas a mente dos ouvintes e prender-lhes o interesse na mensagem que vai proclamar.
A introdução é a parte vital do sermão. Seu êxito muitas vezes depende da habilidade do ministro para conquistar a atenção dos seus ouvintes no início da mensagem. É bom o pregador tomar o máximo de cuidado na preparação da introdução, formulando-a do modo a desafiar o interesse da congregação logo no início.

Uma boa introdução
Conquista a boa vontade dos ouvintes.
Desperta o interesse pelo tema
Em geral é breve.
É interessante.
Leva a idéia dominante ou o ponto principal da mensagem.
Consiste em poucas palavras e breves sentenças ou frases, e cada idéia ocupa uma linha diferente.

II. A DIVISÃO DO SERMÃO
Divisões são as seções principais de um sermão ordenado. Quer sejam enunciada durante a entrega, quer não, um sermão corretamente planejado será dividido em partes distintas que contribuirão para sua unidade.

Porque a divisão do sermão é importante para o pregador
A.    As divisões promovem a clareza de idéias.
B.     As  divisões promovem a unidade de pensamentos.
C.     As divisões ajudam o pregador a descobrir o tratamento correto de um assunto.
D.    As divisões ajudam o pregador a lembrar-se dos pontos principais do sermão.
E.     As divisões não são importantes apenas para o pregador, mas também para a congregação que lhe ouve.

A APLICAÇÃO
Aplicação é o processo retórico mediante o qual se aplica direta e pessoalmente a verdade ao indivíduo, a fim de persuadi-lo a reagir de modo favorável. Esta definição envolve tanto o pregador como o ouvinte.
O pregador nunca deve se esquecer que a aplicação é o elemento mais importante do sermão. Mediante este processo, apresentamos aos ouvintes as reivindicações da Palavra de Deus, a fim de obter sua reação favorável à mensagem.

REQUISITOS INDISPENSÁVEIS Á APLICAÇÃO EFICAZ
É de vital importância que o pregador viva em comunhão com Deus. A pregação que aquece o coração e desperta a consciência não nasce na fria atmosfera do intelectualismo, mas na comunhão íntima e contínua com o Senhor.
Possuir boa educação formal
A.    Ter uma boa compreensão da natureza humana
B.     Ter conhecimento das condições e interesses da sua congregação

A CONCLUSÃO
A Conclusão é o clímax do sermão,  na qual o objetivo constante do pregador atinge seu alvo em forma de uma impressão vigorosa. A conclusão é, sem dúvida, o elemento mais poderoso de todo sermão. Se não for bem executada, pode enfraquecer ou até destruir o efeito das partes anteriores da mensagem. Muitos pregadores se esquecem da importância da conclusão, e, como resultado, seus sermões, embora estejam cuidadosamente preparados nas outras partes, fracassam na parte  crucial.

A. Como o pregador pode concluir o sermão
Fazendo a recapitulação da mensagem pregada.
Usando uma boa ilustração.
Fazendo aplicação ou apelo.
Motivação

B.  Preparando a conclusão do sermão
Em geral a conclusão deve ser breve.
A conclusão deve ser feita com simplicidade
As últimas palavras da conclusão devem ser bem escolhidas.
Exemplos:

C. Reproduzindo com vivacidade o pensamento principal do sermão.
Citando o próprio texto
Fazendo a menção de uma outra passagem bíblica apropriada ao sermão.
Citação de um poema apropriado ou uma ou duas estrofes de um hino.
Fazer um apelo ou desafio imperioso.
É bom que a conclusão esteja expressa no esboço, com poucas sentenças ou frases.
           
O USO DE ILUSTRAÇÕES
Disse Thomas Fuller: “os argumentos são as colunas da fábrica de um sermão, mas as analogias são as janelas que dão as melhores luzes”.
Um dos pontos fracos na pregação em nossos dias é a falta de bom material ilustrativo nos sermões. Muitas mensagens contendo forte alimento, deixam de atingir o coração dos ouvintes, passando como que por cima da cabeça, devido á falta de ilustrações que trariam luz e entendimento á verdade exposta.

A. Porque as ilustrações são necessárias ao sermão
1.      As ilustrações dão clareza ao sermão.
2.      As ilustrações fazem o sermão tornar-se interessante. (Jesus fez deste elemento do sermão.)
3.      Dão vida á verdade.
4.      É a maneira que o pregador pode usar para dar ênfase á  verdade.

B.  Onde encontrar ilustrações para os sermões.
1. A Bíblia é uma fonte riquíssima de ilustrações.
2. Jornais, revistas e livros.
3. Na história geral e eclesiástica. A letra de um hino.
4. Muitas vezes ouvimos ilustrações de outro pregador.
5. Experiências pessoais, que vêm através da própria observação.
6. Os acontecimentos do cotidiano.

C.  Cuidados quanto ao uso de ilustrações.
1. As ilustrações devem ser sempre apropriadas.
2. Devem ser claras.
3. Cuidado com o exagero ao contar uma ilustração.
4. A ilustração não deve ser lida, porque perde a sua força.
5. As ilustrações devem ser breves.
6.  As ilustrações devem ser críveis.
7.  As ilustrações devem ser exatas.

Textos extraídos do livro “Lições aos meus alunos” de C.H. Spurgeon
“...pois não há melhor maneira de ensinar a arte cerâmica do que fazendo um vaso.”
“A todo pregoeiro da justiça, como Noé, a sabedoria dá ordem: Farás na arca uma janela.”
“Deve haver, se possível, pelo menos uma boa metáfora na mais curta elocução; como viu Ezequiel, na visão que teve no templo, que mesmo para as pequenas câmaras havia janelas proporcionais ao seu tamanho. O Nosso alvo é sermos simples e compreendidos pelos nossos ouvintes mais iletrados.”
“As janelas tornam uma habitação muito mais aprazível e amena, e assim as ilustrações tornam um sermão agradável e interessante. Um edifício sem janelas seria uma prisão, e não uma casa...”
“Até as criancinhas abrem os olhos e os ouvidos, e um sorriso ilumina os seus rostos quando contamos uma estória; elas também se alegram com a luz que invade através das nossas janelas.”
“Um prédio não pode ser construído só de janelas, um sermão não pode ter um número excessivo de ilustrações, pois o tornará frágil.”

Pastor Wanderlei Vieira - 2005
  


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