Esta história se passa nas longínquas terras tupiniquins e vai nos levar a conhecer um reinado onde um poderoso rei dominava sobre 27 províncias além do sede do governo. Este rei se mantinha a frente das províncias ou feudos com leis próprias e usava de poderes a ele atribuídos provenientes das regiões que dominava.
Como em toda dinastia espalhada pelo mundo, esta também não foge a regra, ou seja é semelhante a tantas outras no sentido de que cada rei se torna diferente dos seus antepassados e também diferem dos seus descendentes. Cada um difere basicamente em sua capacidade mental que lhe dá estratagemas para aumentar o seu poder, financeiro e bélico. Por isso numa mesma dinastia se levanta grandes reis que conquistam vastas extensões escravizando e aumentando sobremaneira o seu poder. E pode ser que o seu sucessor não seja tão habilidoso que em pouco tempo destrua e aniquile com todas as glórias e feitos do seu antecessor.
Mais a terra governada é sobremaneira grandiosa de norte a sul e de leste a oeste, terra de vales e de majestosas e imponentes montanhas. Com grandes rios que de tão grandes parecem até o mar. Cotada de rios caudalosos e ao mesmo tempo águas de tão mansas que podem refletir a imagem soberana da paisagem ao seu redor. Paredões de pedras maciças despencam águas tão caudalosas que se pode ouvir o seu bramido de muito longe, mais esta força impetuosa lança no ar minúsculas partículas de vida regando e dando vida em tudo que toca.
Uma vasta imensidão e mistura de clima que uma região parece não pertencer ao mesmo reinado, onde pode se chegar ao mais intenso calor que o ser humano pode suportar ao mais cortante e gelado vento. Lugar das mais variadas criaturas, desde as maiores até as mais pequenas que os olhos nem pode ver. Onde cada povo tem costumes e culturas tão diferentes que parece gente de outro reino.
Mais este reinado também tem uma região mais próspera e outra mais pobre e rústica como todos os reinos existentes nesse mundo. è nesse reinado de dimensões continentais que vamos conhecer a história de um senhor feudal, desposado com uma mulher descendente das terras de trás dos montes.
O senhor feudal, uma miniatura do rei.
Os senhores feudais eram uma extensão do próprio rei, no pensamento nas ações e na aplicação das leis regentes dentro das províncias não podendo haver disparidade em nenhum aspecto haja visto que o rei poderia inquirir de seus súditos a qualquer momento demandas de produção e financeira de cada uma das províncias, ficando assim estes senhores como fiscais do próprio rei para fazer cumprir sem demora e prejuízo para os cofres reais. Assim cada feudo se desenvolvia mais ou menos conforme a capacidade gerenciadora do senhor que governava esta micro região dentro do território real.
Data-se muitas luas a fundação desta micro região depois visualizada como o desenrolar da história do senhor feudal mais poderoso da distante província Setentrião. Sua localização tem como divisas ao norte um ajuntamento de homens verdadeiros, a leste com o Rio das Cobras, ao sul com a Palmeira de Bocaiuva, e a Oeste com uma aldeia de Índios Caamutás. Os povos primitivos habitavam este pedaço de chão onde viviam em bibocas e com uma vida humilde e remota praticando cultura de subsisteência de mandioca e cana de açúcar. É neste cenário que se desenvolve as glórias, conquistas e derrotas do senhor feudal de Aragy.
Sua ascensão:
Sua ascensão se deu pela habilidade intelectual além de se letrar, fazendo que com isso as fronteiras do feudo fossem alargadas muito rapidamente, e isso o tornou conhecido e respeitado nas demais províncias reais. Aumentou sobremaneira os seus vassalos a ponto de ser um dos maiores da sua região. Tudo era pomposo para impressionar ao rei e seus ministros, as caravanas reais em viagens a Coorte eram sempre regadas de muito luxo e de muitos servos, não importando a distância nem os custos aos cofres tanto do feudo como os cofres reais. As dádivas recolhidas anualmente em todas as províncias sempre foram as maiores do reino, causando deslumbramento a todas as outras províncias, que se espantavam de ver como o senhor Aragy conseguia tal feito a ponto do próprio rei ir a província do Setentrião para ver com os seus próprios olhos como se conseguia tal façanha.
Seu declínio:
Mais nem tudo neste feudo era perfeito como parecia ser, algumas coisas sempre foram praticadas pelo senhor Aragy que era encoberta aos olhos do rei, o qual mantinha os seus vassalos em rédea curta e constante ameaça de tronco. A obediência conseguida agora não era mais por amor e fidelidade a aquele que foi um dia tão amado. Agora a obediência é através do chicote e tronco sendo imposta a todo o feudo e aquele que não concorda com o senhor Aragy e deportado do feudo. Agora as leis do rei não tem mais tanto valor para este senhor feudal haja visto que conquistou o rei e seus ministros com dádivas fazendo parecer ao rei que o feudo está conforme as regras reais. Além disso começou a criar as suas próprias leis e editos a fim de poder controlar o que está fora de controle, ajuntar o que está se espalhando, tudo em nome do rei e das leis reais.
Mais com isso a glória e poder foram sendo minados pelos constantes gastos em excesso feito pela família do senhor feudal que a economia do feudo está perigosamente em estado crítico podendo entrar em colapso a qualquer momento pois o senhor Aragy a fim de satisfazer aos desejos da companheira extrapolava e quebrava todas as leis matemáticas e de economia. E como consequência esse senhor feudal passou a ser motivo de riso e chacota além fronteiras feudais.
O que fará o rei a este senhor feudal quando vier?
Categoria: Conto
Autor: Wanderlei Marcelo Vieira
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