NA
IDADE MÉDIA A TERRA AINDA ERA PLANA PARA ALGUNS CRISTÃOS.
A
ideia de Terra plana foi relativamente presente na Grécia antiga e
persistiu até o período clássico (Idade do Bronze, Idade do Ferro do Oriente
Médio e período helenístico).
Também
foi comum na Índia (primeiros séculos d.c) e na China até pouco tempo, no
século 17. Há descrições da mesma ideia em culturas indígenas americanas com
uma cúpula do firmamento cobrindo a Terra nas sociedades pré-científicas.
O
pensamento grego influenciou muito, e enormemente a forma de pensar do Ocidente
em praticamente todas as áreas do conhecimento: política, ética, ciência,
lógica, filosofia, arte e muito mais, incluindo aí a toda poderosa religião
Cristã.
A
ideia de Terra Plana na Idade Média ocorreu sim, ao contrário do que afirma
textos criacionistas. Embora ela não tenha sido unanimidade, ela foi defendida
por alguns nomes importantes do cristianismo. Por exemplo, muitas das
referências de Agostinho (354d.C – 430d.C) para o universo físico implicam na
crença de uma Terra esférica ou plana, inclusive se referindo a parte inferior
do Universo. Em uma de suas falas, Agostinho defendia:
“And,
indeed, it is not affirmed that this has been learned by historical knowledge,
but by scientific conjecture, on the ground that the earth is suspended within
the concavity of the sky, and that it has as much room on the one side of it as
on the other: hence they say that the part that is beneath must also be
inhabited. But they do not remark that, although IT BE SUPPOSED OR
SCIENTIFICALLY DEMONSTRATED THAT THE WORLD IS OF A ROUND AND SPHERICAL FORM,
yet it does not follow that the OTHER SIDE OF THE EARTH IS BARE OF WATER; nor
even, though it be bare, does it immediately follow that it is peopled”
Diodoro
de Tarso (394 d.c) defendia a ideia de que a Terra fosse plana com base nas
escrituras sagradas. Diodoro foi um bispo cristão, reformador do monasticismo e
teólogo. Um forte aliado da ortodoxia no Primeiro Concílio de Niceia. Ele teve
um papel central no Primeiro Concílio de Constantinopla. Fundou um dos mais
influentes centros do pensamento cristão da igreja antiga. Sua posição quanto a
Terra Plana foi uma retórica a Fócio.
Alegar
que a ideia de Terra Plana é uma criação exclusivamente feita por
anti-religiosos ou biólogos evolucionistas para “queimar o filme” da igreja é
falaciosa. Isso porque até hoje existe uma sociedade que defende esta ideia. A
Flat Earth Society, ou Sociedade da Terra Plana é assumidamente criacionista e
segue um posicionamento literal absoluto quanto o que esta escrito em Gênesis.
A alegação deles é de que as fotos tiradas por satélite são manipuladas para
disfarçar a Terra Plana. Sim, segundo eles o mundo conspira contra o
criacionismo.
Você
pode se aliar a turma da Terra em formato de pizza, ou na versão do povo do Alaska.
Os hebreus, usaram muitos textos sagrados, que hoje fazem parte da Bíblia, e metáforas que levaram e ainda levam estudiosos a crer que a Terra fosse plana, ou que ela tem 6 mil anos, ou que tudo foi criado em seis únicos dias.
Os hebreus, usaram muitos textos sagrados, que hoje fazem parte da Bíblia, e metáforas que levaram e ainda levam estudiosos a crer que a Terra fosse plana, ou que ela tem 6 mil anos, ou que tudo foi criado em seis únicos dias.
Uma
das interpretações que leva as pessoas a acredita que a Terra é plana é a
citação bíblica dos “quatro cantos da Terra”, embora também haja passagens que
são usadas para provar o contrário.
Na Idade Média, alguns membros da Igreja católica publicaram trabalhos que defendiam a ideia de uma Terra plana. Um deles foi o monge Cosmas Indicopleustes, que trocou o comércio pelo hábito, escreveu no ano de 547 o livro chamado “Topografia Cristã” no qual expunha sua visão geográfica do mundo baseada em interpretações literais da Bíblia. Ele desdenhava a opinião de Ptolomeu e outros que acreditavam que a Terra era esférica. Cosmas buscava provar que os geografos pré-cristãos estavam errados ao afirmar que a Terra era esférica afirmando ao invés disso que ela fora modelada no tabernáculo, o templo descrito a Moisés por Deus durante o Êxodo do Egito. Apesar de na mesma época já existir diversas evidências e cálculos matemáticos demonstrando uma terra esférica. Ele defendia que a Terra era plana e coberta por uma cúpula, o firmamento citado na Bíblia.
Na Idade Média, alguns membros da Igreja católica publicaram trabalhos que defendiam a ideia de uma Terra plana. Um deles foi o monge Cosmas Indicopleustes, que trocou o comércio pelo hábito, escreveu no ano de 547 o livro chamado “Topografia Cristã” no qual expunha sua visão geográfica do mundo baseada em interpretações literais da Bíblia. Ele desdenhava a opinião de Ptolomeu e outros que acreditavam que a Terra era esférica. Cosmas buscava provar que os geografos pré-cristãos estavam errados ao afirmar que a Terra era esférica afirmando ao invés disso que ela fora modelada no tabernáculo, o templo descrito a Moisés por Deus durante o Êxodo do Egito. Apesar de na mesma época já existir diversas evidências e cálculos matemáticos demonstrando uma terra esférica. Ele defendia que a Terra era plana e coberta por uma cúpula, o firmamento citado na Bíblia.
O
que não faz sentido é a interpretação literal de Gêneses que se da até os dias
de hoje. A citação do firmamento cobrindo a Terra não é interpretada de forma
literal, dada á bizarrice que seria acreditar nisso nos dias de hoje, mas a
interpretação literal de 6 dias de criação e uma Terra de 6 mil anos é mantida,
ainda que haja evidências tão fortes quanto uma Terra esférica.
Isso
nos faz pensar que a interpretação literal de Gêneses não segue um critério bem
definido e é meramente seletiva por parte de pastores, e especialmente no
criacionismo e defensores do Designer inteligente.
Aristóteles
dizia que não é tradição que é nociva, mas sim o comodismo. Razão pela qual se
justifica que a alegação de que a Terra é plana não é uma manobra
conspiracionista de darwinistas ateístas, mas sim a exposição de um pensamento
(ainda que não generalizado) que foi relativamente comum na Idade Média.
Não
deve demorar muito tempo para dizer que o “Geocentrismo” foi uma criação
darwinista, ou que a ideia da Cúpula de Cosmas, ou a Terra Jovem de Jame Ussher
foi uma invenção ateísta e todo tipo de conspiracionismo que supostamente faz
de vítima os cristãos da Idade Média.
A ideia de Terra Plana não era absoluta na Idade Média, de fato, era a minoria absoluta, mas muitos líderes religiosos importantes a defendiam, e com uma justificativa teológica, bíblica, literalista e declarada.
A ideia de Terra Plana não era absoluta na Idade Média, de fato, era a minoria absoluta, mas muitos líderes religiosos importantes a defendiam, e com uma justificativa teológica, bíblica, literalista e declarada.
Outro
defensor da Terra Plana foi o padre Lactâncio (265-345.d.c) conselheiro do
imperador cristão Constantino I. Seus argumentos eram igualmente baseados em
interpretações literais de metáforas bíblicas. Theodoro de Mopsuestia (350-430)
também era defensor da Terra Plana e estudou na escola de Diodoro. Era
considerado um ortodoxo e muitas de suas citações bíblicas foram posteriormente
consideradas heréticas.
Severiano,
Bispo de Gabala (408d.C), escreveu que a Terra era Plana e o Sol não passa
debaixo dela de noite, mas percorre pela parte de trás do norte. Ele pertencia
à Escola de Antioquia de exegese e suas interpretações eram completamente
literais e defendia a canonização dessas ideias.
Victor
Rossetti
Palavras
chave: NetNature, Rossetti, Criacionismo, Terra Plana, Idade Média, Agostinho,
Cosmas Indicopleustes, Lactêncio, Gabala.
.
Referências
*
J. L. E. Dreyer, A History of Planetary Systems from Thales to Kepler. (1906);
unabridged republication as A History of Astronomy from Thales to Kepler (New
York: Dover Publications, 1953).
*
Leo Ferrari, Cosmography, in Augustine through the Ages: An Encyclopedia,
William B. Eerdmans Publishing Co., Grand Rapids MI, 1999, p.246
*
Leo Ferrari, Augustine’s Cosmography, Augustinian Studies, 27:2 (1996),
129-177.
*
O mito da Terra plana. por Widson Porto Reis , em 30/03/03
*
Russell, Jeffrey B.. The Myth of the Flat Earth American Scientific
Affiliation. Página visitada em 06/05/2011
*
Dreyer, J.L.E.. A History of Planetary Systems (em inglês). [S.l.: s.n.], 1906.
p. 211-2.
*
O papel de Lactâncio é examinado em detalhes em Elizabeth DePalma Digeser. The
Making of a Christian Empire: Lactantius and Rome (em inglês). [S.l.: s.n.],
2000.
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