quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Para tribo brasileira, Jesus é a “onça de Judá”

Silvério Orewawe dedica sua vida para a tradução das Escrituras para etnia xavante

O líder indígena Silvério Orewawe, 34 anos, tem como objetivo de vida terminar a tradução da Bíblia para a língua xavante, o akuén.
Ele vivia com sua tribo na Reserva Indígena Parabubure, no município de Campinápolis, região leste de Mato Grosso. Há cinco anos ele largou família e amigos para ir morar no Rio de Janeiro, onde busca concluir o curso de Letras na Universidade Veiga de Almeida.
Silvério é membro da Igreja Evangélica Xavante, de linha pentecostal, fundada na década de 1950 por missionários americanos e que atualmente é liderada por indígenas.
O Novo Testamento em akuén já está pronto e a tradução do Antigo Testamento deve ser finalizada em 2025, de acordo com a estimativa de Orewawe. Trata-se de um trabalho complexo, que foi iniciado há 60 anos atrás, por três missionários que faleceram antes de terminá-lo. Atualmente, Silvério e sua esquipe estão fazendo uma revisão, pois detectaram vários erros gramaticais.
Obviamente, traduzir a Bíblia em uma língua indígena não é tarefa fácil. Muitos termos do original sequer existem na língua xavante, por isso é preciso ser criativo e, ao mesmo tempo, não desvirtuar o sentido. Por exemplo, os indígenas brasileiros não conhecem leão, então Jesus passou a ser denominado “a onça de Judá”, para que a ideia seja entendida pelos membros da etnia.
Ao contrário do que dizem os “especialistas brancos”, Silvério acredita que a mensagem do evangelho ajuda a preservar a cultura dos xavantes e dos demais indígenas. “O evangelho não destrói, ele purifica e valoriza a nossa cultura. Se eu for crente eu não minto, eu não bebo, não brigo e não fumo”, enfatiza.
Orewawe espera que a tradução da Bíblia o ajude a alcançar seu objetivo de levar a mensagem de salvação para os mais de 20.000 membros de sua etnia. “Eu quero anunciar a eles que conheci algo melhor. Não sou menos xavante porque hoje sou um crente; sou até mais. Eu vejo meus amigos na aldeia e sinto compaixão por eles”, afirmou.
“Não sou eu que irá mudar as crenças deles, é o Espírito Santo”, garante. Atualmente, estima-se que dentre os xavantes de todo o Brasil, cerca de 20% sejam cristãos (metade evangélico e metade católico). Com informações de Evangelical Focus e Olhar Direto

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