Aprovação ocorreu um dia após
PEC semelhante ser derrubada na Casa.Idade penal reduz para 16 anos em homicídio, lesão grave e crime hediondo.
Após polêmica sobre a validade
da votação e com as galerias do plenário vazias, a Câmara dos
Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira (2) proposta de emenda à
Constituição (PEC) que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal para crimes
hediondos, homicídio doloso, e lesão corporal seguida de morte. O texto ainda
precisa ser votado em segundo turno antes de seguir para o Senado.
Pelo texto, os jovens de 16 e
17 anos terão que cumprir a pena em estabelecimento penal separado dos menores
de 16 e maiores de 18. Ao final da votação, deputados seguraram cartazes na
tribuna em defesa da proposta e comemoraram com gritos em plenário (veja vídeo
acima).
A aprovação da proposta ocorre
depois de aCasa
derrubar, na madrugada de quarta-feira, texto semelhante, que estabelecia a
redução casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça, crimes
hediondos (como estupro), homicídio doloso, lesão corporal grave ou lesão
corporal seguida de morte, tráfico de drogas e roubo qualificado.
Após a rejeição na noite
anterior, Cunha afirmou que a Casa ainda teria que votar o texto principal, mas
ressaltou que isso só ocorreria após o recesso parlamentar de julho. No
entanto, após reunião com parlamentares favoráveis à redução da maioridade
penal, ele decidiu retomar a análise do tema nesta quarta (1º) para apreciar um
texto parecido com a proposta rejeitada.
Jovens da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UNBES) não esperavam a retomada da votação e, por isso, não conseguiram fazer protestos como os mobilizados na noite anterior.
Cunha também não permitiu a entrada dos poucos estudantes que foram à Câmara para defender a derrubada da proposta, alegando que os manifestantes fizeram tumulto na noite anterior. A decisão do presidente da Câmara de votar um texto semelhante ao derrotado de madrugada também gerou bate-boca e questionamentos por parte de deputados contrários ao texto, mas o peemedebista conseguiu prosseguir com a votação.
Jovens da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UNBES) não esperavam a retomada da votação e, por isso, não conseguiram fazer protestos como os mobilizados na noite anterior.
Cunha também não permitiu a entrada dos poucos estudantes que foram à Câmara para defender a derrubada da proposta, alegando que os manifestantes fizeram tumulto na noite anterior. A decisão do presidente da Câmara de votar um texto semelhante ao derrotado de madrugada também gerou bate-boca e questionamentos por parte de deputados contrários ao texto, mas o peemedebista conseguiu prosseguir com a votação.
Durante a sessão, deputados do
PT, do PSOL e do PCdoB defenderam a derrubada da PEC. O governo defende alterar
o Estatuto da Criança e do Adolescente e ampliar o tempo máximo de internação
de 3 para 8 anos.
“Todos nós queremos resolver a
questão da violência, da criminalidade, queremos evitar que crimes bárbaros
terminem. Mas precisamos, de forma madura e responsável, encontrar qual a
alternativa real para resolver o problema. E a alternativa real é alterarmos o
Estatuto da Criança e do Adolescente. Os efeitos colaterais dessa redução da
maioridade penal são maiores que os alegados benefícios”, disse o deputado
Henrique Fontana (PT-RS).
Já parlamentares favoráveis à
redução da maioridade penal argumentaram que a PEC não soluciona o problema da
violência, mas reduz o sentimento de “impunidade”. "Nós sabemos que a
redução da maioridade penal não é a solução, mas ela vai pelo menos impor
limites. Não podemos permitir que pessoas de bem, que pagam impostos, sejam
vítimas desses marginais disfarçados de menores", discursou o líder do
PSC, André Moura (SE).
A proposta derrubada nesta quarta é produto de uma emenda aglutinativa – texto
produzido a partir de trechos de propostas de emenda à Constituição apensadas
ao texto que está na pauta do plenário.
Essa emenda foi elaborada
pela manhã por deputados do PSDB, PHS, PSD e PSC, e protocolada na
Secretaria-Geral da Mesa. No plenário, deputados do PT, do PDT e do PCdoB
alegaram que a elaboração de uma proposta com teor muito semelhante ao texto derrubado
contraria o regimento. Argumentaram ainda que, para ser votada, a emenda teria
que ter sido elaborada e apensada antes da votação ocorrida durante a
madrugada.
Segundo o peemedebista, como o texto original ainda não havia sido votado, é
permitida a apresentação de novas emendas aglutinativas com base nas propostas
apensadas a essa redação.
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Os parlamentares continuaram a
protestar e Cunha chegou a bater boca com eles. “Quando o senhor é chamado de autoritário,
o senhor se chateia”, protestou o deputado Glauber Braga (PSB-RJ). Cunha
rebateu: “Ninguém vai vencer aqui no berro”.
“Não imagine que o senhor vai
nos escravizar, porque não vai. Não imagine que todos os parlamentares vão
abaixar a cabeça”, emendou Braga. O deputado Weverton Rocha (PDT-MA) acusou
Cunha de “aplicar um golpe”. A deputada Erika Kokay (PT-DF) chamou o presidente
da Câmara de Luiz XIV, em referência ao rei francês absolutista, e disse que
ele tentava sobrepor a sua vontade a dos parlamentares.
José Guimarães (PT-CE), fez um
apelo para que a votação fosse suspensa e a Câmara discutisse como alternativa
um projeto de lei que tramita no Senado ampliando de 3 para 10 anos o período
máximo de internação de jovens infratores.
Segundo ele, “uma discussão
tão importante como essa” não poderia ser tratada “com tamanho radicalismo”.
Guimarães argumentou ainda que a aprovação da emenda poderia trazer “sequelas”.
“Reverter [a posição] de ontem
para hoje é o melhor caminho? Claro que não, porque pode deixar sequelas”,
disse sobre o impacto da redução. No entanto, Cunha não cedeu e continuou a
sessão. Os parlamentares contrários à redução da maioridade decidiram, então,
obstruir a sessão, utilizando-se de manobras previstas no regimento para postergar
ao máximo a votação
Fonte: G1
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