O pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff (PT) elaborado por um trio de juristas a partir do
que se convencionou chamar de “pedaladas fiscais” foi acolhido pelo presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), na última quarta-feira, 02 de
dezembro.
O anúncio de Cunha aconteceu
logo após a confirmação de que os três parlamentares petistas que integram o
Conselho de Ética da Câmara votariam a favor da abertura de um processo de
cassação contra ele, que é investigado pelos parlamentares por quebra de decoro
ao omitir que é beneficiário de contas no exterior.
O acolhimento do processo de
impeachment pôs fim a um longo “jogo de xadrez” político, que envolvia a
hipótese de o PT, para eliminar a possibilidade de perda de mandato de Dilma
logo no início, orientar seus parlamentares a votarem contra a abertura do
processo de cassação de Cunha.
Enquanto a definição não
acontecia, a oposição se irritou com a postura do presidente da Câmara, e
definiu que faria de tudo para derrubá-lo caso esse fosse o único meio de levar
adiante o processo de impeachment contra Dilma. Cunha, que é conhecido por sua
habilidade de movimentar “peças” políticas, agiu nos últimos instantes antes
que o processo por sua cassação seja aberto, em uma espécie de retaliação ao
PT. Agora, especula-se que ele busque os três votos necessários para salvar seu
mandato entre os parlamentares da oposição.
Repercussão
Após o anúncio do acolhimento
do pedido de impeachment, a presidente Dilma Rousseff se apressou em fazer um
breve pronunciamento, manifestando “indignação” com a postura de Cunha em
acolher o pedido.
“Recebi com indignação a
decisão do senhor presidente da Câmara dos Deputados de processar pedido de
impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo
brasileiro. São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam este
pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira contra mim
nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público, não possuo conta no exterior,
nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais. Nunca coagi,
ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus
interesses”, afirmou a presidente, ironizando as denúncias contra Cunha.
“A imprensa noticiou que
haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no
Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em troca, haveria o arquivamento dos
pedidos de impeachment. Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos
de barganha. Muito menos com aquelas que atentam contra o livre funcionamento
das instituições democráticas do meu país, bloqueiem a justiça, ou ofendam os
princípios morais e éticos que devem governar a vida pública. Tenho convicção e
absoluta tranquilidade quanto à improcedência desse pedido, bem como, quanto ao
seu justo arquivamento”, acrescentou Dilma.
Mesmo com esse pronunciamento
da presidente, a expectativa é que a Comissão Especial da Câmara que será
aberta para analisar o pedido de impeachment, e ouvir Dilma Rousseff, aceite
levar adiante o processo, fazendo com que o plenário da Casa vote para decidir
se a presidente deve ou não ser afastada do cargo.
Em entrevista à rádio Jovem
Pan na manhã dessa quinta-feira, 03 de dezembro, o senador José Serra
(PSDB-SP), disse que vai defender entre seus pares que o recesso parlamentar
seja suspenso através de convocação para tratar do assunto. A decisão cabe ao
presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
O pastor e deputado Marco
Feliciano (PSC-SP), colega de bancada evangélica de Eduardo Cunha, fez um
discurso no plenário da Câmara comemorando a decisão de acolher o pedido de
impeachment e relembrando ações do governo Dilma que foram contra as tradições
familiares cristãs.
“Alguns acontecimentos nos
remetem a momentos de reflexão, muitas vezes com confirmação do que aprendemos
nos estudos bíblicos, onde constatamos que todos que tentam contra o povo de
Deus e sua tradição cristã, mais dia menos dia são reconhecidos como operados
por forças sobrenaturais. Em 2013 fui alvo das mais sórdidas perseguições,
apenas por exercitar meu direito de assumir a Comissão dos Direitos Humanos e
Minorias […] Parlamentares da base do governo abandonaram a Comissão, tentando
esvaziar os quadros na fiúza de tornar insustentável minha gestão”, disse,
relembrando a enorme crise política criada contra ele.
Na sequência, Feliciano
destacou a postura do governo nas questões sociais/familiares: “Desde o início
do governo da presidente Dilma Rousseff, nós deputados conservadores
enfrentamos uma verdadeira avalanche, por parte do governo, de medidas que
atentam contra nossa formação cristã, como legalização do aborto, criação de
novas formações familiares onde a figura do homem e da mulher é substituída por
um sem número de novas configurações, com adoção de crianças por casais homo
afetivos. [Dilma] sistematicamente tenta impingir à sociedade a teoria de
gênero, onde o nome pai e mãe seriam substituídos por genitores um e dois, e
ainda aplicar educação sexual na primeira infância com ênfase a
homoafetividade. Medidas governamentais que tentam de todas as formas legalizar
o aborto em qualquer fase da gravidez, ou burlando a legislação vigente,
oriunda do Congresso Nacional, com medidas administrativas, usurpando o
verdadeiro Poder de legislar original do Congresso Nacional”.
“Ao vir a público as
artimanhas e mentiras com as quais o PT ganhou mais uma vez a presidência, [o
povo] passou a exigir a saída da presidenta através do impeachment. Hoje em
momento histórico, o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos
Deputados, aceitou o pedido feito pelo jurista Hélio Bicudo e iniciou o
procedimento para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Agora temos que
cerrar fileiras em oração para que, dentro dos mais límpidos respeito à
Constituição, num processo democrático, seja sacramentada a vontade de mais de
90% do povo brasileiro”, concluiu Feliciano.
Fonte: Gnotícias
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