O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro José
Antonio Dias Toffoli, afirmou que vê, na sociedade, um “projeto de captura do
Estado por determinado segmentos religiosos”, numa crítica velada às igrejas
evangélicas – e outras religiões – que lançam candidatos a cargos eletivos.
Toffoli – que já foi advogado do PT e foi indicado para o Supremo
Tribunal Federal (STF) no mandato do ex-presidente Lula (PT) em 2009 – afirmou
que a Justiça Eleitoral precisa agir para evitar a mistura entre religião e
política, mesmo que a legislação não preveja o que se chama de “abuso de poder
religioso”.
“Temos que refletir que, na realidade brasileira, não podemos negar que
há sim projeto de captura do Estado por determinados segmentos religiosos. Não
podemos aqui, sendo um Tribunal Superior Eleitoral, dizer que desconhecemos.
Não podemos dizer que desconhecemos as realidades de que seja candidato a
presidente, senador, deputado, governador, vereador, vão atrás de comunidades
religiosas [e dizem]: ‘o que vocês querem para me apoiar o que eu posso dar
para vocês?’ Pra ficar no tipo das ideias”, afirmou, em entrevista ao jornal
Folha de S. Paulo.
De acordo com o ministro, não há como ignorar que existem denominações
que são proprietárias de meios de comunicação, como emissoras de rádio e
televisão, com alto nível de audiência, e que é preciso impedir que se misture
religião e política: “Não [podemos] abrir fresta para que isso possa ocorrer.
Não vamos abrir essa fresta porque é muito perigosa. Quer debater política?
Leva no salão da paróquia, no salão da igreja, leva em outro horário. Se não
pode levar o cartaz, pode levar a pessoa [no ato religioso]?”, pontuou,
lembrando que a lei proíbe manifestações políticas em apoio a candidatos
durante cultos nas épocas de campanha eleitoral.
Projeto da Universal
O pesquisador Johnny Bernardo publicou um artigo, em 2012, apontando o
“plano” da Igreja Universal do Reino de Deus para “dominar o Brasil” – que inclui a dominação de um partido,
PRB -, e sua análise vai de encontro à constatação feita pelo presidente do
TSE.
“Para realizar seu intento – de criar uma nação evangélica e
‘governada’ por Deus -, Macedo estabeleceu uma série de estratégias, como
eliminação das concorrências, investimento maciço em meios de comunicação,
influência da sociedade por meio de campanhas de marketing e defesa
de temas polêmicos, a exemplo da legalização do aborto, e a busca do poder pela
organização política […] A Igreja Universal encara a formação da opinião
pública e o recrutamento de seguidores como elementos cruciais para o alcance
de seus objetivos”, afirmou à época, analisando as ideias do bispo Edir Macedo
sobre fé e política, expostas no livro “Plano de Poder – Deus, os Cristãos e a
Política”.
Fonte: Gnotícias
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