O suicídio é,
para muitos cristãos, uma questão fechada de condenação automática ao inferno.
No entanto, existem correntes teológicas que estabelecem uma ponderação mais
flexível sobre o assunto, deixando aberta a possibilidade de Salvação pela
graça.
Um vídeo de uma
palestra do reverendo Augustus Nicodemus Lopes, pastor da Primeira Igreja
Presbiteriana de Goiânia (GO), na Conferência Fiel para Jovens, expõe os
critérios usados por estudiosos da teologia para afirmar que o suicídio não é
sinônimo de condenação.
Nicodemus faz
ponderações sobre o tema, antes de discorrer a respeito da visão teológica: “Eu
acho que todos nós temos que concordar que o suicídio nunca deveria ser a
saída. É um dos pecados proibidos no mandamento ‘Não matarás’”, disse.
“Interpretado pela comissão de fé de Westminster, ele diz que esse pecado não
só proíbe que a gente tire a vida dos outros, mas que tire a nossa própria.
Então, o suicídio é pecado”, acrescentou o pastor.
Mas, Nidodemus
foi adiante em sua argumentação: “Todavia ele não é um pecado sem perdão. O
único pecado sem perdão, que tem na Bíblia, é a blasfêmia contra o Espírito
Santo. E provavelmente esse pecado não é cometido por alguém que é crente.
Então pode acontecer com todos esses fatores, como pressões externas, problemas
psicológicos, problemas existenciais, que um crente em um momento de fraqueza,
ceda”, ponderou.
Mais adiante, o
pastor afirma que a visão comum de que este pecado é “suficientemente forte”
para a perda da Salvação: “É pecaminoso? De fato é. Mas, não será isso que irá
separá-lo da graça de Deus e do perdão que é dado em Cristo Jesus”, disse. “Se
a nossa Salvação vai depender de, na hora da nossa morte, a gente ter colocado
em dia todos os nossos pecados, então pouca gente vai escapar, não é?”,
questionou, expondo a influência calvinista da interpretação teológica.
“Então, a pessoa
que cometeu o
suicídio e atentou contra a própria vida, de fato pecou contra o
mandamento ‘Não matarás’, mas isso não a impedirá de entrar no gozo da vida
eterna porque a Salvação é dada pela graça de Deus e nada pode nos separar
disso”, salientou.
Ao final da
explicação, Augustus Nicodemus Lopes reforçou seu argumento mostrando que nem
todas as ações humanas são suficientes para anular o benefício da Salvação
concedido pela graça divina: “Se eu estiver em uma rodovia, brigando com a
minha mulher e discutindo com ela, brigando feio com ela, e de repente nós
temos um acidente e morremos ali, naquele momento, sem termos tido a
oportunidade de nos reconciliar, não vai ser isso que vai impedir de entrar na
vida eterna. Porque é pela graça e misericórdia de Deus”, finalizou.
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