Uma nova descoberta
arqueológica pode reacender a polêmica em torno da vida de Jesus e seu ministério,
e lançar dúvidas sobre a questão da ressurreição.
O centro desse mistério está
em dois artefatos antigos encontrados em Jerusalém. Ambos desencadearam um
debate arqueológico e teológico acirrado nas últimas décadas, segundo
informações do The New York Times.
Inscrições achadas em
ossuários datados do século I levaram alguns pesquisadores a sugerir que Jesus
de Nazaré foi casado e teve um filho. Além disso, restos mortais de uma dessas
caixas para enterrar ossos levaram a arqueólogos acreditarem que a Ressurreição
jamais poderia ter acontecido, pois trazia a inscrição em aramaico “Jesus,
filho de José”.
Essa câmara funerária ficou
conhecida como túmulo de Talpiot, e continha dez ossuários, alguns com
inscrições que foram interpretadas como “Jesus, filho de José”, “Maria” e
outros nomes de figuras mencionadas no Novo Testamento.
Agora, novas informações de um
ossuário descrito como sendo de “Tiago, filho de José, irmão de Jesus” atraíram
novos olhares sobre a questão. Quando foi descoberto, os pesquisadores não
puderam associar essa caixa de ossos como sendo do mesmo local do túmulo de
Talpiot, que supostamente guardariam os restos mortais de Jesus e Maria.
No entanto, o pesquisador
Aryeh Shimron, 79 anos, arqueólogo especialista em gesso, disse ter identificado
uma combinação geoquímica clara entre elementos específicos encontrados em
amostras coletadas no interior dos ossuários do túmulo de Talpiot e do ossuário
de Tiago.
A suposição de Shimron é que o
ossuário de Tiago tenha sido deslocado de seu local original durante um
terremoto no ano 363 d. C., e como resultado da “avalanche de lama” causada
pelo tremor, as composições químicas do exterior da caixa de ossos tenham sido
modificadas, dificultando a vinculação com os ossuários do túmulo de Talpiot.
“Acho que tenho provas
realmente fortes e praticamente inequívocas de que o ossuário de Tiago passou a
maior parte de sua vida, ou de sua morte, no túmulo de Talpiot”, disse o
pesquisador.
Sobre sua teoria envolvendo o
terremoto, ele explicou que como o ossuário foi deslocado de seu lugar
original, “o solo criou uma espécie de vácuo”, preservando o interior: “A
composição do túmulo foi simplesmente congelada no tempo”, afirmou.
Shimron vem estudando a
química das amostras raspadas da parte de baixo da crosta de giz dos ossuários
do túmulo de Talpiot e também do ossuário de Tiago, além de estudar amostras de
solo e cascalho de dentro deles. Fora isso, a título de comparação, ele colheu
e examinou amostras de ossuários de outros 15 túmulos da região.
A questão do suposto casamento
de Jesus é levantada por uma inscrição encontrada em uma das caixas de ossos do
túmulo de Talpiot, que atribui os restos mortais a “Judá, filho de Jesus”. No
ossuário que os pesquisadores trabalham para atribuir a Jesus, há restos
mortais, incluindo vestígios de ossos, o que poderia pôr por terra a crença de
que o Cristo ressuscitou após o terceiro dia de sua crucificação.
No entanto, outros
pesquisadores dizem que, apesar de muito interessante do ponto de vista
arqueológico, o trabalho de Shimron não será conclusivo. “Eu mesmo escavei um
punhado de túmulos que estavam abertos e cheios de terra […] Pessoalmente, acho
que o ossuário de Tiago não tem nada a ver com Talpiot”, disse Shimon Gibson,
arqueólogo que integrava a equipe da Autoridade de Antiguidades de Israel que
acessou o túmulo de Talpiot pela primeira vez na década de 1980.
Fonte Gnotícias
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