Aos 15 anos de idade, o hoje pastor
Jackson Jaques se converteu em uma igreja de linha pentecostal. Nos últimos
dias seu “vídeo-desabafo” obteve mais de 27 mil acessos. “Confissões de um
ex-neopentecostal” é um relato bem humorado de 17 minutos em formato de vlog,
onde Jackson conta o que mudou em sua vida e teologia.
Jackson
pastoreia a Igreja Vintage 180 em Porto Alegre, que não tem filiação
denominacional. O nome “diferente” vem de uma palavra francesa para designar
antigo, e 180 é o grau da conversão, ou seja, conversão no modelo antigo ou
bíblico. A congregação reúne vários tipos de pessoas para ouvir “muitas
perguntas modernas com as velhas e sempre atuais respostas do Evangelho de
Jesus”.
Seu objetivo é
ter uma igreja onde velhos, jovens, tatuados e caretas “sejam irmãos pelos
laços do Calvário”. Para isso, decidiu “seguir uma teologia reformada em uma
Igreja urbana”.
O Gospel Prime
entrou em contato com o pastor para entender o que passa na cabeça de alguém
comparar cultos dos Gideões Missionários e músicas como a da cantora Damares
com “drogas”.
Para Jackson,
sua atitude radical é bíblica. “Me refiro a droga, pois é veneno,
pseudoevangelho, evangelho esse que Paulo chama de MALDITO (Gl 1:8,9). Não é
brincadeira, não é uma questão de gosto, opção, é questão de vida ou morte
eterna. Creio que muitos ainda vão acordar, mas sei também, que todos esses que
estão sendo expostos à verdade e não se convertem são sim alvos da ira de Deus,
me refiro principalmente aos líderes”.
Parece forte?
Para ele o efeito que deseja causar nos outros é o mesmo que um vídeo com uma
pregação do missionário Paul Washer causou nele. Por 15 dias, Jackson refletiu
sobre sua vida espiritual após ser confrontado pelos argumentos do famoso vídeo de Washer.
Dia 22 de agosto
ele colocou no ar o vídeo com suas confissões por dois motivos “Primeiro,
porque muitos amigos me cobravam isso, pois do dia pra noite passei a rejeitar,
condenar, criticar, etc… Tudo o que EU fazia de errado… precisava deixar claro
que nem sempre fui assim tão ortodoxo. Segundo, eu estou de saco cheio de
pregadores super-heróis, estou cansado de ouvir gente que diz que sempre falou
a verdade com maturidade, quando a gente sabe que não é bem assim. Quis deixar
bem claro que eu não sou o herói, Jesus é o herói da minha vida”.
Deixa claro
ainda que o pôster do Super-homem ao fundo nada tem a ver com sua teologia, nem
com idolatria.
As reações nas
redes sociais têm sido positivas, mas ele não está isento de críticas. “Mais de
90% são de apoio. A galera tá acordando e entendendo que precisamos urgente de
uma Reforma e um Reavivamento no Brasil. Imaginava ter umas duas mil
visualizações em um mês, me surpreendi com a repercussão”.
Aos que
questionam que alguns dos aspectos levantados por ele no vídeo não estão
presentes em todas as igrejas pentecostais ou neopentecostais. Para Jackson,
“Neopentecostalismo é toda e qualquer atitude humana de manipular a Divindade!
Sempre que isso acontece, temos ali uma teologia neopentecostal, seja isso numa
IURD, IMPD, Assembleia de Deus, Presbiteriana, etc… ”.
Em seu vídeo,
ele menciona pastores como Feliciano, Malafaia e Benny Hinn, que ele gostava
mas hoje rejeita seus ensinamentos. Para Jackson, muitas coisas são claras. Uma
delas é que os evangélicos do Brasil precisam “urgentemente voltar para a
Palavra”.
Ao ver como as
igrejas evangélicas estão cada dia mais identificadas com questões politicas,
ele dispara: “Respeito quem tem vocação política, quem tem que a siga, mas sou
contra a forma como a coisa tem acontecido no Brasil, onde os políticos
evangélicos viraram na verdade despachantes de luxo de Igreja… No Brasil a
religião evangélica na sua maioria cresce num formato de coronelato, onde quem
questiona não serve… A culpa são dos líderes, dos pastores. Deus requererá
deles tudo o que estão fazendo”.
O jovem pastor
já colocou suas pregações no YouTube e pretendo gravar a parte dois do
“confissões”, e quer escrever um livro com o mesmo título. Também pretende
fazer um vídeo para esclarecer as diferenças entre Pentecostalismo e
Neo-Pentecostalismo. Quando? “não sei, pode ser amanhã como pode ser daqui a 4
meses. A Igreja me toma muito tempo”, conclui.