Especialistas do espaço online Brasil Religioso discutem a
possibilidade do Brasil ter em breve um representante evangélico no mais alto
cargo do Poder Executivo: a Presidência da República. O deputado federal Marco
Feliciano (PSC-SP), em entrevista recente, demonstra interesse em ocupar esta
posição: “Se algum partido me desse essa legenda, eu entraria nesse barco.
Porque eu acredito que é possível. [...] Isso é promessa bíblica! Bendita é a
nação cujo Deus é o Senhor”, diz o pastor.
Os estudiosos ponderam: “O caso
Feliciano passa a ser, portanto, uma base de entendimento e especulação sobre
uma futura composição evangélica no Executivo. Como se daria, por exemplo, a relação do Governo (no
caso, presidido por um evangélico) com
os diversos credos religiosos, como o catolicismo (romano e popular),
às religiões afro-brasileiras, às de origem norte-americana (como as
Testemunhas de Jeová), e às religiões orientais (a exemplo do islamismo e das
diversas correntes de origem nipônica), cujo crescimento não deixa margem a
dúvidas de que o Brasil será, de fato, dentre alguns anos, composto por uma
multiplicidade de credos ou confissões. Alguns movimentos seculares, como de homossexuais e ateus,
também têm experimentado um significativo crescimento nos últimos anos, mesmo
que em termos ideológicos ou partidários, mas também numérico”.
Em 2010, última eleição para níveis estaduais e
nacionais,
Marco Feliciano recebeu mais de 200 mil votos, sendo o 12º parlamentar mais
votado no importante estado de São Paulo (SP). Outra cristã que recebeu boa
parte da confiança do eleitorado do Brasil foi Marina Silva, que disputava a
presidência pelo Partido Verde (PV). Apesar de não disputar o segundo turno,
ela teve mais de 19 milhões de votos, sendo a terceira mais votada em todo o
país. Marina foi educada no catolicismo, mas, desde o final dos anos 1990,
professa o cristianismo evangélico.
O jornalista e pesquisador
Johnny Bernardo, em entrevista ao carioca Nosso Tempo, considera que um dos
desafios é a falta de consciência sobre o que é ser igreja e sobre união dos
diversos ramos: “O Censo 2010 do [Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística] IBGE aponta para 42,5 milhões o número de evangélicos brasileiros,
mas não leva em conta o fato de que não há, pelo menos nas igrejas
neopentecostais, uma consciência definida do que é ser Igreja, sendo comum
frequentadores orbitarem entorno de terreiros de umbanda e templos da
Universal, por exemplo. É um problema não identificado pelo IBGE”. E completa:
“os evangélicos já são maioria no Brasil, em relação ao número de
católicos praticantes”.
Feliciano, no
entanto, observa que o destaque que ganhou da mídia ao
longo deste ano de 2013, especialmente ao assumir a presidência da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, lhe deu força, obtendo uma unanimidade inédita no mundo
gospel em sua defesa.
Os especialistas
observam que o Brasil já
teve dois líderes protestantes em curto espaço de tempo: Café Filho e Ernesto
Geisel. Café Filho, que sucedeu Getúlio Vargas na década de 50, foi
membro da primeira Igreja Presbiteriana de Natal (RN), onde teria sido
doutrinado no calvinismo. Ele era defensor do direito ao divórcio, pelo o que
foi alvo de duras críticas e oposição por parte da Liga Eleitoral Católica. Já
o militar Ernesto Geisel, que governou o país no final dos anos 1970, estudou
no colégio protestante Martin Luther e era luterano. Enquanto ele era
presidente, foi sancionada a Lei do Divórcio.
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