O Estado é laico, mas não
ateu. Esse conceito, questionado quando usado por evangélicos, vem sendo
colocado em prática pelos governos do Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, que
anunciaram o investimento de R$ 1,5 milhão para a construção de espaços
voltados aos praticantes de umbanda e candomblé.
Os locais já foram escolhidos
e terão, além de “altares” para o depósito das oferendas e velas, banheiros e
locais para depósito das frutas e alimentos usados para atrair as divindades
celebradas pelos praticantes.
“O reconhecimento de um espaço
para a gente por parte das autoridades acaba com aquela ideia distorcida de que
estamos fazendo algo irregular”, comemora a Mãe Fátima Damas, presidente da
Congregação Espírita Umbandista do Brasil (CEUB), em entrevista à IstoÉ.
Segundo a diretora cultural da
Federação Brasileira de Umbanda (FBU), a iniciativa pode resultar numa
proibição de que as oferendas sejam depositadas em outros locais públicos:
“Apoiamos, desde que não encurralem a gente em um canto cercado e pequeno, sem policiamento”,
pontua Dayse Freitas. A opinião é compartilhada pela antropóloga Sônia
Giacomini. “Essa permissão só não pode significar a impossibilidade de uso de
outros espaços públicos para rituais”, diz a integrante do departamento de
ciências sociais da PUC-Rio.
O secretário estadual de Meio
Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, afirmou que o investimento no
macumbódromo será de R$ 1 milhão e outros espaços semelhantes deverão ser
construídos em breve: “Outras duas áreas do Rio deverão receber Espaços
Sagrados também”, anunciou.
Já em Campo Grande, o governo
do estado investirá R$ 500 mil para a construção do espaço voltado aos cultos
das religiões de matriz africana. A justificativa para a iniciativa foi a
disparidade entre a crença religiosa da maioria da população e as práticas dos
adeptos da umbanda e candomblé.
“Os praticantes poderão ir a
um lugar adequado para fazerem suas oferendas sem incomodar as pessoas de
outras religiões. No candomblé, por exemplo, são feitas oferendas com comidas
em lugar aberto o que causa constrangimento aos não praticantes e neste projeto
buscamos o respeito, a harmonia com a população com a natureza”, disse Iraci
Barbosa dos Santos, presidente da Federação de Cultos Afro-brasileiros e
Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams).
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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