Luciana Pessanha Lacerda dos
Santos, 44 anos, é a primeira mulher a ser reconhecida como pastora pela Ordem
dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), entidade ligada à Convenção Batista
Brasileira (CBB).
A pastora Luciana é professora
da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e há 20 anos desenvolve o ministério
pastoral sem o título, anonimamente. “A legalização é uma quebra de paradigmas
muito importante para as mulheres que têm um chamado, porque essa decisão torna
as coisas mais fáceis”, comenta.
A ordenação feminina ao
ministério pastoral é um assunto complexo e repleto de tabus no meio
evangélico. No início de janeiro, a colunista deste portal Raquel Elana
publicou uma entrevista
com o pastor Gilberto Nascimento, um dos mais influentes líderes da CBB, e
contrário ao ministério pastoral feminino. Na ocasião, Nascimento afirmou que
era “contra” por não ver “nenhum respaldo bíblico ou ortodoxo em relação a
ordenação feminina”.
No entanto, de acordo com
Sócrates Oliveira de Souza, diretor executivo da CBB, as igrejas batistas têm
tradição de quebrar paradigmas e mudar conceitos. “Ainda nos anos 1970, a
aceitação na Igreja Batista de divorciados influenciou outras igrejas
evangélicas a fazer o mesmo”, afirmou Souza, em entrevista ao Diário da Manhã.
Para a primeira pastora
batista reconhecida pela OPBB, a razão de ainda existir esse paradigma tem
origem cultural: “Nós temos uma cultura muito machista ainda, mas isso tem
melhorado”, resume a pastora Luciana.
Os que defendem a ordenação de
mulheres ao ministério pastoral baseiam seus argumentos na carta de Paulo aos
Gálatas, quando o apóstolo diz que “não há judeu nem grego, não há servo nem
livre, não há macho nem fêmea, porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Maria Sebastiana Francisca da
Silva, 61, teóloga e diretora executiva da União Feminina Missionária Batista
Goiana, diz que, contudo, a ordenação da pastora Luciana não deve ser encarada
como vitória numa guerra de gêneros: “Entendo que se Deus chama para fazermos o
trabalho d’Ele, não importa se você é homem ou mulher importa obedecer ao
chamado”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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